Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

DIÁLOGOS ENTRE AFRODIÁSPORA E EDUCAÇÃO: POR UM CURRÍCULO A FAVOR DAS CULTURAS NEGRAS

2018; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

10.12957/periferia.2018.31531

ISSN

1984-9540

Autores

Caroline Delfino dos Santos,

Tópico(s)

Race, Identity, and Education in Brazil

Resumo

A diáspora africana, ou afrodiáspora, foi e segue como resultado de um processo de mercantilização ora no período de colonização, ora na contemporaneidade. Os mais variados deslocamentos e com eles contínuos processos de desterritorialidade implicam um olhar em torno das práticas de aculturamento, silenciamento e apagamento cultural dos povos negros. Assim, o presente artigo justifica-se a partir da constatação da chegada de crianças em situação de deslocamentos às escolas públicas municipais de Duque de Caxias/RJ, concomitante à demanda apresentada pela Lei 10.639/03 que prevê o estudo da História da África e dos Africanos no currículo escolar. O cenário escolar revela-se como um reflexo da sociedade na medida em que tende a projetar nos alunos um determinado padrão estético e comportamental a partir de uma dada cultura: a cultura do masculino, do hétero, do cristão, do branco, do europeu. Embora configure-se como um espaço demograficamente diversificado, quase sempre os valores impostos amparam-se numa perspectiva monocultural. Dessa forma, elenca-se como objetivo chamar a atenção para a necessidade de se pensar o currículo escolar a partir de uma perspectiva a favor da cultura africana com contribuições advindas das trajetórias das crianças em contexto de diáspora. O método empregado apoiou-se nas contribuições da observação participante em razão da interação entre a pesquisadora e os sujeitos envolvidos, utilizando-se ainda de entrevistas com alunos do 5º ano de escolaridade de uma dada escola pública do município de Duque de Caxias/RJ. Os resultados preliminares em torno dos discursos e imagens elaborados pelas crianças apontam para o fato de que estas reproduzem práticas de racismo, não se reconhecendo como crianças negras ou afrodescendentes. Também observou-se comportamento intolerante em relação às religiões de matriz africana, mais especificamente o candomblé. Em meio a demanda da construção de um currículo que contemple a história da África, tal como previsto em legislação vigente, concluiu-se que a presença das crianças africanas no cenário escolar pode ser vista como uma importante fonte de disseminação das culturas do continente, suas trajetórias e memórias.

Referência(s)