Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

“OXUMARÉ TAMBÉM MORA AQUI!”: O OLHAR DE CRIANÇAS DE TERREIRO SOBRE A FESTA DE SÃO BARTOLOMEU

2018; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

10.12957/periferia.2018.31528

ISSN

1984-9540

Autores

Hellen Mabel Santana Silva, Marise de Santana, Edson Dias Ferreira,

Tópico(s)

Food, Nutrition, and Cultural Practices

Resumo

Neste artigo nos detemos na análise dos desenhos de crianças de terreiro sobre o legado africano existente na festa de São Bartolomeu, que acontece na cidade de Maragojipe- Ba, situada no Recôncavo Baiano. O nosso objetivo centra-se em investigar como as crianças maragojipanas com identidade afro-brasileira desenham um dos territórios culturais do festejo a São Bartolomeu, santo católico sincreticamente relacionado ao orixá Oxumaré. Compreendemos que a cidade de Maragojipe possui um legado ancestral africano o qual faz parte da sua constituição histórica e cultural. Dessa forma, para além dos elementos da cultura ocidental católica, reverberados pela memória oficial, o espaço maragojipano apresenta também símbolos e mitos originários dos povos africanos e afro-brasileiros, os quais se territorializam através das identidades dos sujeitos, por exemplo, no momento de festejar o santo padroeiro da cidade. Na produção imagética das crianças, fez-se possível conhecer o universo cosmogônico dos seus territórios étnicos desde a preparação do festejo, até o momento em que os corpos, cores, cheiros e sabores celebram nas ruas da cidade São Bartolomeu e Oxumaré. Para tanto, desenvolvemos a investigação através de um estudo etnográfico, o qual possui em seus esteios básicos a prática da observação e análise das dinâmicas interativas e comunicativas dos sujeitos em seus espaços. Em diálogo com o método etnográfico a investigação teve como guia norteador a “Hermenêutica da Profundidade” que assevera o estudo das formas simbólicas como fundamentalmente e inevitavelmente uma questão de compreensão e interpretação. Assim, por meio das produção imagéticas das crianças foi possível conhecer o território cultural da festa de São Bartolomeu através do olhar de quem experiencia o festejo a partir do seu próprio território e das relações estendidas com o universo cultural africano e afro-brasileiro.

Referência(s)