Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Revisitando as Décadas da Ásia: Algumas observações sobre o projecto historiográfico de João de Barros

2018; Civilisations et Littératures d’Espagne et d’Amérique du Moyen Âge aux Lumières (CLEA) - Paris Sorbonne; Issue: 30 Linguagem: Português

10.4000/e-spania.27836

ISSN

1951-6169

Autores

Rui Loureiro,

Tópico(s)

Philippine History and Culture

Resumo

João de Barros trabalhou durante muitos anos na Casa da Índia, em Lisboa, o centro estratégico do império marítimo português. Aí recolheu informações valiosas sobre os mundos não-europeus, de capitães, soldados, pilotos, marinheiros, mercadores e missionários que regressavam a Portugal depois de um período mais ou menos longo de serviço ultramarino. Sendo também um humanista consumado, concebeu o projecto de escrever uma história global da expansão marítima portuguesa. Mas, sobrecarregado com os seus deveres oficiais, só conseguiu produzir a parte asiática de um vasto trabalho que deveria incluir também secções sobre a África e o Brasil. As suas primeiras três Décadas da Ásia foram publicadas em Lisboa entre 1552 e 1563, enquanto a Quarta Década permaneceu em manuscrito até 1615, ano em que foi impressa em Madrid, editada pelo cosmógrafo João Baptista Lavanha. Barros nunca visitou a Ásia, mas mesmo assim conseguiu reunir uma larga diversidade de materiais sobre seus interesses. Assim, as suas Décadas da Ásia incluíam não apenas um relato das acções militares e políticas dos portugueses, mas também informadas descrições da geografia e da história oriental. Barros, para além de entrevistar homens com experiência do terreno e coleccionar relatórios escritos em português, conseguiu também obter manuscritos orientais, que traduziu com auxílio de colaboradores vários vindos da Ásia.

Referência(s)