Artigo Acesso aberto

A Gigante Brasil Industrial: herança e modernidade no Vale Paraíba Fluminense; a Fábrica Paracambi na segunda metade do século XIX.

2018; Issue: 12 Linguagem: Português

10.4000/espacoeconomia.3175

ISSN

2317-7837

Autores

Cristiane Silva Furtado,

Tópico(s)

Rural Development and Agriculture

Resumo

A Companhia Brasil Industrial iniciou o projeto de construção de uma nova fábrica de tecidos na Província do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Construída aos pés da Serra do Mar, na região denominada Vale Paraíba, a fábrica constituiu o maior projeto da indústria têxtil do Império brasileiro. O processo de formação da Companhia Brasil Industrial reconfigurou a paisagem do local, na segunda metade do Século XIX. O complexo fabril nasceu como a maior fábrica de tecidos do Brasil, e ao redor dessa grande estrutura se constituiu o povoado de Macacos, posteriormente chamado de Paracambi. Nessa localidade, regulado por esse mundo do trabalho, desenvolveram-se experiências singulares de homens, mulheres, e crianças de diferentes origens, hábitos e costumes. No espaço localizado entre um mundo rural, construído em torno da cultura do café, e o novo modelo industrial proposto pela fábrica, estão os esforços de transformação do espaço de uma fazenda num pólo fabril industrial moderno, supostamente capaz de marcar o rumo da modernização pretendida para a economia brasileira. Através das lacunas e contradições de tal projeto, no entanto, busca-se compreender os laços de continuidade que ligavam este novo empreendimento à antiga ordem, em especial no que diz respeito às políticas de domínio por ele constituídas. Em meio ao processo de emancipação da escravidão e de criação de novas configurações sociais, se dá o início do planejamento e empreendimento da Brasil Industrial. A partir da implementação da Companhia torna-se possível observar o processo de estabelecimento de novas práticas que mediaram as relações daquele “mundo do trabalho” nascente. As formas de controle que dão vida ao novo sistema conjugaram e reelaboraram elementos pertencentes à relação senhorial que caracterizou por séculos a escravidão no Brasil. O sistema que se estabeleceu no novo “mundo do trabalho” criado pela fábrica de tecidos de Paracambi carregou as heranças desse paternalismo senhorial e se situou em uma espécie de “entre-lugar”, para utilizarmos a acepção de Hommi Bhabha (1998) - apropriada aqui para demarcar o lugar situado entre a perpetuação das formas definidas pela escravidão e a inauguração de um paternalismo de caráter fabril.

Referência(s)
Altmetric
PlumX