Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Às margens do cuidado: regulações de gênero em uma equipe de saúde

2018; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 28; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/s0103-73312018280208

ISSN

1809-4481

Autores

Érika Cecília Soares Oliveira, Luciane Maria Pezzato, Rosilda Mendes,

Tópico(s)

Feminism, Gender, and Sexuality Studies

Resumo

Resumo Embasado em uma perspectiva feminista, este artigo analisa como uma equipe de saúde tece as redes de cuidado e define práticas de saúde a partir do percurso de uma usuária. A metodologia utilizada é da pesquisa-intervenção inspirada na perspectiva cartográfica. Na tentativa de reduzir taxas de mortalidade materno-infantil, a equipe oferece à usuária uma rede que obedece a uma lógica burocrática com regras, normas e regulações. É possível observar como políticas voltadas para a maternidade definem processos de subjetivação responsáveis por formatar as usuárias, desenhando atos performativos enrijecidos. A equipe de saúde acaba por requisitar os corpos das usuárias de diferentes maneiras pelo fato de serem mulheres. Usuárias essas que, na maioria dos casos, são mães e pobres, o que traz singularidades em relação às suas trajetórias e nos modos como são vistas pelas equipes. Laqueadura, pré-natal, cuidados com a casa e (as)os filhas(os), acesso a determinados benefícios, todos juntos constituem elementos que orientam as decisões das equipes e agem como tecnologias de regulação de gênero capazes de legitimar violências institucionais cotidianas. A politização das práticas técnico-científicas se faz urgente a fim de assegurar que questões sobre direitos humanos e sociais possam fazer parte do dia a dia das equipes que estão nos territórios.

Referência(s)