
Furtos de Bagatelas e Sofrimento Social: uma Interlocução com o pensamento winnicottiano
2018; Volume: 27; Issue: 1 Linguagem: Português
10.23925/2594-3871.2018v27i1p35-56
ISSN2594-3871
AutoresMaria Julia Souza Chinalia, Natália Del Ponte de Assis, Carlos Del Negro Visintin, Tânia Maria José Aiello-Vaisberg,
Tópico(s)Psychology and Mental Health
ResumoEste estudo objetiva investigar psicanaliticamente a experiência emocional de mulheres presas por furtos de bagatelas, justificando-se na medida em que há interesse, a partir de uma perspectiva clínica social, pelo desenvolvimento de práticas psicoprofiláticas e psicoterapêuticas direcionadas à população carcerária feminina. A investigação organizou-se metodologicamente por meio da abordagem psicanalítica das comunicações de mulheres em um documentário nacional intitulado “Bagatela”. Sucessivas exposições ao material, em estado de atenção flutuante e associação livre de ideias,permitiram a produção interpretativa de um campo de sentido afetivo-emocional intitulado “Cadê o leite do meu neto?”. Este campo se organiza ao redor da crença de que o outro, imaginado como poderoso, deve atender às necessidades vitais das pessoas. O quadro geral indica que condições de pobreza e desigualdade social geram efeitos subjetivos de desamparo, humilhação e injustiça nas autoras dos furtos. Pondera-se que a teoria winnicottiana, que vincula privação afetiva à delinquência, pode ser produtivamente ampliada se a tendência antissocial for considerada como expressão sintomática de sofrimento socialmente determinado.
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