Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

RELIGIÃO E CIÊNCIA: O QUE AS INTERAÇÕES DISCURSIVAS NOS MOSTRAM SOBRE OS DESAFIOS DE UM ENSINO DE BIOLOGIA DIALÓGICO

2018; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 23; Issue: 2 Linguagem: Português

10.22600/1518-8795.ienci2018v23n2p228

ISSN

1518-9384

Autores

Priscila Figueiredo, Cláudia Sepúlveda,

Tópico(s)

Chemistry Education and Research

Resumo

O presente trabalho analisa episódios de ensino em que o conhecimento religioso e o conhecimento científico aparecem como explicações alternativas para o mesmo tópico, buscando identificar que tipo de relação entre ciência e religião o discurso docente pode promover. São analisadas interações discursivas produzidas ao longo de uma sequência didática sobre Teoria Darwinista de Evolução. A análise das interações discursivas é feita através de uma estrutura analítica que integra a ferramenta analítica de Eduardo Mortimer e Phil Scott com as ideias de Jay Lemke a respeito dos tipos de atividades e estratégias de controle do discurso em sala de aula. A relação entre a ciência e religião é interpretada, tendo em vista as diferentes posições epistemológicas, políticas e éticas que permeiam o debate sobre diversidade cultural no contexto escolar. Entre os cinco episódios analisados, houve o predomínio de uma abordagem comunicativa de autoridade, com a professora utilizando-se de estratégias de silenciamento do discurso discente ou valendo-se do que tinham a dizer apenas do ponto de vista da ciência. Também não foram observadas tentativas de demarcar as fronteiras entre os diferentes conhecimentos, nem mesmo explorar os argumentos de cada um deles, destacando, por exemplo, os diferentes critérios de validação e aplicação social dos saberes. Não favorecendo, portanto, o desenvolvimento de uma prática docente intercultural, pluralista, promotora de um contexto de conflito, de uma ética da coexistência e de uma autonomia moral, conforme referenciais utilizados. Estes resultados indicaram que esses aspectos definidores, em nossa perspectiva de um ensino multicultural, se configuram como um grande desafio para docentes de ciências, e que considerar as interações discursivas no planejamento pedagógico parece ser fundamental neste sentido.

Referência(s)