A Praça Dr. Augusto Silva, Lavras-MG: uma visão de usos, costumes e regulamentos nas décadas de 1910 e 1920.
2007; Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais; Volume: 13; Linguagem: Português
10.14295/oh.v13i0.1725
ISSN2447-536X
AutoresAlessandra Teixeira Silva, Patrícia Duarte de Oliveira Paiva, Thaísa Silva Tavares,
Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoOs jardins e parques tiveram suas caracteristicas ligadas ao pensamento estetico nos diversos periodos ao longo da historia humana, principalmente no que se refere ao seu planejamento e estrutura para uso publico. Uma dimensao cognitiva do jardim passa ao largo de consideracoes racionais ou miticas, supondo apenas o reconhecimento de regras criadas e aceitas pela sociedade. Adentrar em um jardim implicava o aceite de regras de um jogo social imposto por uma norma de comportamento refinado. O jardim publico era o local de encontros das elites ou dos segmentos derivados, passarela da demonstracao, das vaidades expostas das trocas sociais legitimando pelos valores aceitos pelas sociedades que constituiram tais recantos (Segawa, 1996). Segundo Segawa (1996), para os parques e jardins da cidade de Belem, a administracao local editou, em setembro de 1903, um “Regulamento para o servico no Bosque, Horto e Parques Municipais” no qual pode-se relatar alguns deles: nos recintos publicos, nao se permitia entrada as “pessoas que estiverem ebrias ou disso tenham habito; os que trajarem indecentemente ou de modo ofensivo ao decoro; caes e outros animais”; estragar as plantas e flores; atirar pedras ou quaisquer outros projeteis; pisar e andar sobre a grama ou penetrar nos grupos de vegetacao; permanecer nas sentinas e mictorios mais do tempo preciso para satisfazer as necessidades naturais; fazer algazarras; conduzir-se por palavras e atos de modo ofensivo ao decoro e a moral”. A penalidade por esses varios delitos era multa em dinheiro, expulsao imediata para fora do jardim e pagamento do dano que causar. Estas regras citadas acima podem ser comparadas ao regulamento da Praca Dr. Augusto Silva, no qual relata tambem a preocupacao por parte do poder municipal em conservar e preservar o espaco publico. Na epoca, alguns segmentos da populacao reconheceram o valor da praca, pois existia um movimento no sentido da necessidade de uma area verde util a populacao. Os seculos XIX e XX foram decisivos na historia da evolucao das pracas, considerando que a antiga praca passou a ser ajardinada, equipada, pavimentada e tratada com esmero, de modo a abrigar todas as novas modalidades de vida urbana que sao entao estruturadas (Robba & Macedo, 2003). A praca, juntamente com as ruas, consiste em um dos mais importantes espacos publicos urbanos da historia no pais, tendo, desde os primeiros tempos da Colonia, desempenhando um papel fundamental no contexto das relacoes sociais em desenvolvimento. De simples terreiro a sofisticado jardim, de campo de jogos a centro esportivo complexo, a praca e, portanto, um centro, um ponto de convergencia da populacao que a ela acorre para o ocio, para comerciar, trocar ideias, e ainda, para encontros românticos ou politicos (Adams, 2002; Robba & Macedo, 2003). As pracas sao unidades urbanisticas fundamentais para a vida urbana e o seu modo de tratamento e uso indicam o nivel de civilidade de seus usuarios e o exercicio dos direitos e deveres de cidadania nela vivenciados. E pelo uso que as pessoas fazem de uma praca um espaco importante para o seu dia-a-dia e convivio social (Sousa, 2005). Nesse contexto, objetivou-se resgatar parte da memoria e historia da Praca Dr. Augusto Silva, que tem uma ligacao bastante intima com o municipio, visto que este espaco publico alem de marco inicial da civilizacao foi tambem um local muito frequentado com grandes celebracoes e encontros politicos.
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