Tratamento do hematoma intraventricular espontâneo por fibrinólise local através de derivação ventricular externa
2018; Thieme Medical Publishers (Germany); Linguagem: Português
10.1055/s-0038-1672386
ISSN2359-5922
AutoresGustavo Lordelo, Almir de Andrade, Saul da Silva, Ricardo Iglésio, Wellingson Silva Paiva, Eberval Gadelha Figueiredo, Manoel Teixeira,
Tópico(s)Case Reports on Hematomas
ResumoHematoma intraventricular espontâneo (HIVE) ocorre em cerca de 40% dos casos de hemorragia intracerebral espontânea (HICE). Zurasky et al. (2005) associaram o HIVE a um aumento significativo nos índices mortalidade, devido ao aumento no volume do sangramento intracerebral, oclusão do 3° e 4° ventrículos, levando à hidrocefalia obstrutiva, além da toxicidade pelos produtos do sangue no ventrículo. HIVE é um preditor independente de morbidade e mortalidade. Estudos anteriores mostram que a administração do ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rtPA) intraventricular é segura e acelera a resolução de hematoma intraventricular, reduz a pressão intracraniana (PIC), reduz a necessidade de derivação do líquido cefalorraquidiano (LCR) e o dano neuronal direto. Paciente masculino, 61 anos, hipertenso, encontrado inconsciente em domicílio. Realizada entubação orotraqueal na cena, foi transferido para serviço de emergência. Escala de coma de Glasgow à admissão (ECGLa) de 10 pontos, entubado, pupilas isocóricas. Tomografia de crânio inicial (TC1) revelou hematoma intracerebral putaminal à esquerda associado a hematoma intraventricular, ocupando ventrículos laterais, maior à esquerda, 3° e 4° ventrículos. Angiotomografia craniana sem lesões vasculares visíveis. Após aplicação do escore para quantificar extensão intraventricular da hemorragia intracerebral (IVH-score), volume estimado em 30 mL. Instalado cateter intraventricular frontal direito para monitoração contínua da PIC, acoplado ao sistema de derivação ventricular externa (DVE). Protocolo de trombolítico: aspirado 5 mL de LCR, injetado 3 mL de rtPA, fechamento imediato do sistema de DVE por 1 hora e abertura subsequente. TC2 de controle, 1 hora após, mostrou melhora do hematoma em 3° e 4° ventrículos. TC3, realizada 3 dias após, mostrou resolução completa do hematoma em 3° e 4° ventrículos e melhora do hematoma no sistema ventricular. Após 7 dias, na TC4, foi vista resolução completa dos hematomas intraventriculares. No 9° dia de drenagem contínua, paciente com ECGL de 11 pontos, obedecendo a comandos, pupilas isocóricas. O tratamento do hematoma intraventricular é um desafio à neurocirurgia de emergência por estar associado com elevados índices de mau funcionamento do sistema de derivação ventricular. Naff et al. (2011) mostraram a possibilidade de tratamento desta entidade com uso de rtPA intraventricular com bons resultados. O caso do paciente ilustra o tratamento de HIVE com desfecho clínico e radiológico favorável.
Referência(s)