JOSÉ GODOY GARCIA E A POÉTICA POPULAR DO CERRADO: LITERATURA DE CAMPO E HISTÓRIA DO CENTRO-OESTE

2018; Volume: 3; Issue: 1 Linguagem: Português

10.32411/revistanos-2448-1793-v3n1-7938

ISSN

2448-1793

Autores

Augusto Rodrigues da Silva, Ana Clara Magalhães de Medeiros,

Tópico(s)

Linguistics and Education Research

Resumo

Esta proposta analisa o livro Araguaia Mansidão (1972) do poeta goiano José Godoy Garcia. Partindo do conceito de literatura de campo (SILVA JR, 2013) e de índices históricos coletados no Centro-Oeste, discutimos a consolidação de uma poética popular do cerrado nesta obra. Debruçado, em especial neste momento de sua trajetória autoral, sobre a ideia do belo, o escritor goiano-brasiliense tece poesia do simples, assentada em elementos da natureza e em tipos comuns do Cerrado – alçado à condição de mundo (histórico e poético). A insistência em imagens da vida, ordinária e natural, como a chuva, a terra, os pássaros, o rio (Araguaia, poetizado desde o título da publicação) e a eleição criteriosa de figuras humanas, como a mulher, os trabalhadores e o escritor anunciam uma concepção realista do belo – no sentido do grande realismo, como compreendido por Mikhail Bakhtin e György Lukács – que não prescinde da tradição – no esteio da “poesia menor” de Manuel Bandeira, ou no desbravamento cultural da região aos moldes de Hugo de Carvalho Ramos – para sedimentar uma poética responsiva ao interior cerratense brasileiro. Perseguindo, ainda, a ideia de casa, enquanto morada de gente, de humanidade, de intelectual e de poeta, o autor não deixa de tencionar, liricamente, dois espaços norteadores de seu fazer literário: o estado de Goiás e a cidade de Brasília. Assim, perscrutamos uma poética popular, oriunda de um Cerrado polifônico, que indaga sobre passados rurais, futuros vindouros ansiados desde os anos 1940 e um presente por se fazer continuamente.

Referência(s)