Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Autonomia do universo infantil versus autonomia infantil

2018; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 26; Issue: 51 Linguagem: Português

10.20396/tematicas.v26i51.11633

ISSN

2595-315X

Autores

Emilene Leite de Sousa,

Tópico(s)

Indigenous Health and Education

Resumo

Este artigo parte da discussão sobre autonomia do universo infantil versus autonomia infantil para analisar o caso das crianças Capuxu e a sua agência. O povo Capuxu é um grupo camponês cuja etnicidade se define a partir de um forte sentimento de pertença além de alguns sinais diacríticos. Dentre os aspectos enunciadores da identidade Capuxu, destacam-se três grandes sistemas: parentesco, nominação e apadrinhamento, sendo estes fortemente modificados através da ação das crianças. O sistema onomástico lhe designa nomes na infância que são substituídos pelos apelidos colocados pelas crianças entre si perdurando estes apelidos por toda a vida, e se tornando os desígnios formais de seus portadores. Embora o sistema de apadrinhamento lhe confira padrinhos escolhidos pelos seus pais, as crianças participam de rituais alternativos de apadrinhamento substituindo seus padrinhos formais por aqueles que eles mesmos escolheram e burlando o sistema de apadrinhamento Capuxu. Já o sistema endogâmico de parentesco, com união preferencial entre primos, delimita os cônjuges possíveis para as crianças, mas este sistema depende inteiramente das relações que estas crianças desenvolvem com seus cônjuges em potencial. Deste modo é que este artigo revela como as crianças Capuxu transformam sistemas construídos por adultos imprimindo neles a sua autonomia.

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