
Modos de escuta dos Jovens Alunos do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre
2018; Volume: 5; Issue: 2 Linguagem: Português
ISSN
2446-4821
AutoresConsuelo Paulino Bylaardt, Patrícia Furst Santiago,
Tópico(s)Education Pedagogy and Practices
ResumoPartindo de uma reflexao inserida no campo da educacao, este trabalho foi pensado com o intuito de contribuir com a area da Educacao Musical atraves da investigacao do universo musical cotidiano de jovens estudantes. Esta pesquisa consiste em uma analise sociologica da relacao dos jovens alunos do Colegio de Aplicacao da Universidade Federal do Acre com a escuta de musicas que fazem parte do seu universo musical. Para tal analise, foram realizados 3 grupos focais com 14 jovens alunos do Colegio, a partir dos quais foram discutidos temas sobre a relacao destes jovens com a musica. Atraves da analise das falas dos alunos participantes, a escuta se destacou como a atividade musical mais praticada entre eles, dados que ja aparecem em pesquisas em varias partes do mundo (POPOLIN, 2012, p. 35), demonstrando que o ato da escuta se configura como uma experiencia complexa e que provoca diferentes efeitos, funcoes e processos cognitivos, intelectuais, sentimentais e psicologicos. A partir das falas dos alunos, foram destacados e discutidos 13 diferentes modos de escuta baseados nas diferentes formas de experienciar a escuta musical designada pelos proprios jovens: 1) Modo de escuta performatico: cantar, “bater” e dancar; 2) A escuta corporal; 3) Escuta reflexiva; 4) Escuta terapeutica; 5) Escuta necessaria/adequada; 6) Escuta itinerante, escuta de “companhia” e escuta ambiente; 7) Escuta diaria; 8) Escuta imaginativa; 9) Escuta influenciada; 10) Escuta contemplativa; 11) Escuta para concentracao e foco; 12) Escuta “critica”, ideologica; 13) Escuta dos materiais musicais. A esses 13 modos de escutas encontrados e sistematizado em categorias, realizou-se uma leitura interpretativa atraves da literatura que fundamentou teoricamente a analise e a interpretacao dos dados a partir de trabalhos atuais sobre a musica e a juventude realizadas no Brasil (ARANTES, 2011; POPOLIN, 2012; RAMOS, 2012; VERTAMATTI, 2013; SILVA, 2009; MEINERZ, 2005; MALAGUTTI, 2013; REGO, 2013; COSTA, 2005) assim como estudos teoricos importantes de Ola Stockfelt (1997), Daniel Cavicchi (2003) e Tia DeNora (2004). As concepcoes de situacoes de escuta de Ola Stockfelt (1997) se referem a variacao da experiencia da escuta de acordo com a epoca, as situacoes, contexto e culturas, e ainda, de acordo com os tipos de atividades que o ouvinte pode estar realizando durante a escuta musical, corroborando a postura de que a escuta musical pode ser muito variada e especifica mesmo se o mesmo ouvinte estiver ouvindo a mesma musica em diferentes situacoes. Daniel Cavicchi (2003) defende a escuta ativa e a musicalidade da escuta questionando a ideia recorrente de que a musicalidade esta prioritariamente relacionada a performance musical. Segundo este autor, os ouvintes de musica tambem desenvolvem uma musicalidade e defende que toda escuta acarreta em algum tipo de experiencia e que portanto, nao ha uma escuta “passiva”. Esta ideia de Cavicchi (2003) vai de encontro aos achados nas pesquisas de Tia DeNora (2004) que atraves de uma analise social sobre os usos da musica da vida cotidiano demonstra que a musica possui uma forca social profunda influenciando aspectos comportamentais, emocionais, psicologicos, dentre outros, mesmo inconscientemente em alguns casos, como e o caso da subjugada “musica de fundo”. Esta pesquisa buscou uma compreensao mais aprofundada sobre os processos de escuta desenvolvidos no cotidiano dos jovens objetivando contribuir com reflexoes sobre um ensino de musica voltado para este universo, de forma a proporcionar maior abertura para o dialogo e para um desenvolvimento musical significativo, formativo e critico nos diversos contextos educacionais, sobretudo na escola regular.
Referência(s)