
Exercício terapêutico na esclerose lateral amiotrófica: o que esperamos da relação anabolismo vs. catabolismo?
2018; Convergences Editorial; Volume: 19; Issue: 1 Linguagem: Português
10.33233/fb.v19i1.2174
ISSN2526-9747
AutoresMarco Orsini, Mauricio De Sant'Anna, Marcos R. G. de Freitas, Marco Felipe Bouzada, Manuel Leite Lopes, Acary Bulle Oliveira,
Tópico(s)Parkinson's Disease Mechanisms and Treatments
ResumoA esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode ser definida como uma doença neurológica progressiva, degenerativa e inexorável, cuja gênese ainda é de difícil entendimento. Fatores vários contribuem na desprogramação e morte celular precoces. A busca por uma melhor inter-relação, em novos marcadores e associações com tipos celulares e\ou moleculares distintos parece o grande desafio. O delineamento de pesquisas clinicas em (ELA), com informações a respeito de tipo, ação e dose de medicamentos emergem í medida que novas teorias são apresentadas e somadas ao modelo atual [1,2].Definitivamente a ELA é uma doença multifatorial. O estresse oxidativo, excitotoxicidade mediada pelo glutamato, efeitos causados pela mutação do superóxido dismutase, agregação anormal proteíco-especifica, desestruturação de neuro-filamentos intermediários, alteração do transporte axonal anterógrado e retrógrado, ativação microglial, inflamação e transtornos nos fatores de crescimento, têm sido considerados como potenciais agressores aos neurônios motores. Fatores genéticos, influxo excessivo de cálcio intracelular e apoptose também fazem parte desse compreensível mas ainda indecifrável modelo teórico [3].Baseado no exposto sobre a fisiopatologia da ELA, bem como sobre as manifestações clínicas dessa doença, torna-se evidente a necessidade de atuação multidisciplinar, em especial do fisioterapeuta desde o momento do diagnóstico clínico, e que será o responsável pela prescrição dos exercícios terapêuticos.Mas o que esperamos da relação anabolismo vs. catabolismo, uma vez que desde a fase inicial da ELA preconiza-se a realização de exercício terapêuticos das mais diversas naturezas (aeróbicos, resistido, respiratórios etc), porém a cadeia de eventos devastadores inerentes í fisiopatologia da ELA já estão em franca evolução? Respeitando tanto os objetivos terapêuticos como as fases da ELA, a prescrição do fortalecimento muscular e o recondicionamento físico tornam-se componentes do programa de tratamento estabelecido pela da fisioterapia, e diversos estudos são encontrados na literatura, e que sustentam sua prática, porém com resultados controversos [4-6].  Podemos dividir o gasto energético diário em três componentes: taxa metabólica basal, efeito térmico do alimento e gasto energético associado com a atividade física. A realização de um exercício físico promove aumento do gasto energético total, tanto aguda, quanto cronicamente. No que tange o efeito agudo, encontra-se bem estabelecido que após o término da atividade, o consumo de oxigênio (VO2) não retorna aos valores de repouso, imediatamente. Essa demanda energética durante o período de recuperação após o exercício, que é necessária para "quitar a divida metabólica assumida durante a realização da atividade" é definida como excess post-erxercise oxygen consumption ou consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC) [7,8]. Em virtude do grande desajuste metabólico que envolve a ELA, e do franco estado catabólico, o questionamento que deve ser feito é, se a intensidade do exercício prescrito não irá gerar um efeito EPOC, que pode vir a ser prejudicial a esse grupo de pacientes? Seria então essa "dívida metabólica" mais um trabalho a ser executado por um organismo deveras debilitado e em franco catabolismo? Existem novas possibilidades terapêuticas num arcabouço fisiopatológico ainda em construção, uma delas é a proposta do protocolo Deanna [9] que sugere a suplementação de arginina-alfa-cetoglurarato, complexo B, dentre outras poderiam atenuar a disfunção mitocondrial, excitotoxicidade do glutamato e estresse oxidativo. É fundamental que a prescrição do exercício seja em intensidade submáxima (40 -60% VO2pico, ou 60 – 85% FCmáx ou 10-13 na escala de Borg) tanto pelo aspecto que envolve o efeito EPOC, assim como pelos efeitos diretamente relacionados ao metaborreflexo da musculatura periférica e respiratória. Pautados nesses conceitos não contra indicamos a prescrição do fortalecimento muscular e o recondicionamento físico e portadores de ELA, porém sugerimos que todos esses aspectos sejam contemplados na prescrição.
Referência(s)