Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A poesia futurista de Álvaro de Campos

2018; UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO; Volume: 9; Issue: 3 Linguagem: Português

10.30681/reps.v9i3.10104

ISSN

2236-3165

Autores

Gisele Franciane Belisário Fagundes,

Tópico(s)

History, Culture, and Society

Resumo

Os primeiros anos do século XX, em Portugal, são marcados pelo entrechoque de correntes literárias que vinham agitando a arte desde algum tempo: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo, Surrealismo, e muitas outras, as quais influenciam as características da estética modernista. O maior representante poético, entre os lusitanos, Fernando Antônio Nogueira Pessoa, foi o introdutor destas vanguardas modernistas. Assim, a sua obra é um dos casos mais interessantes na Literatura Portuguesa, em virtude de sua genialidade como poeta em criar máscaras, ocorrendo assim a multiplicação do seu “eu”. Desdobrando-se em várias personas: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, a qual cada persona possui, em suas obras específicas, características distintas. Mais do que meros pseudônimos, outros nomes com os quais um autor assina sua obra, os heterônimos são invenções de personagens completos, que têm uma biografia própria, estilos literários diferenciados, e que produzem uma obra paralela à do seu criador. Fernando Pessoa criou várias dessas personagens. Para tanto, este trabalho tem como objetivo analisar a persona Álvaro de Campos, um poeta futurista, em virtude das influências da modernidade, do louvor às máquinas, indústrias e à vida moderna. Campos também é sentimentalista e adepto do Sensacionismo, o qual corresponde a um dos pontos mais altos da poesia fernandina, como expressado no mundo contemporâneo, isto é, o mundo construído pela Civilização da Técnica e da Máquina, em que as sensações humanas parecem explodir, tal o grau em que são provocadas. Utilizamos como estrutura metodológica duas obras que trazem as características supracitadas, respectivamente: Ode Triunfal e Tabacaria, na primeira obra percebemos claramente a presença do futurismo, em virtude do uso das palavras que trazem esta característica no texto e em Tabacaria, podemos afirmar traços de sentimentalismo fortemente influenciado pelo pessimismo. Podemos ainda acrescentar que a obra de Campos apresenta uma abertura para a realidade e esta é marcada por emoção. Para ele o sentir é fundamental, Álvaro de Campos relata a realidade, por meio de conflitos internos e externos do homem moderno, gerando um ar de pessimismo. Logo, esta tendência traz consigo desencantos, frustrações, angústias, tão presentes na sociedade em geral. Em suma, das várias máscaras poéticas em que Fernando Pessoa se desdobra, Álvaro de Campos é a mais indisciplinada, pela livre manifestação dos sentidos futuristas e sentimentalistas (tendenciado ao pessimismo), como presenciamos nas obras Ode Triunfal e Tabacaria. Palavras-chave: Fernando Antônio Nogueira Pessoa; poesia de Álvaro de Campos; futurismo; sensacionismo.

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