Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Comunicação da morte: modos de pensar e agir de médicos em um hospital de emergência

2018; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 28; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s0103-73312018280324

ISSN

1809-4481

Autores

Gislaine Alves de Souza, Karla Cristina Giacomin, Janaína de Souza Aredes, Josélia Oliveira Araújo Firmo,

Tópico(s)

Palliative Care and End-of-Life Issues

Resumo

Resumo Este estudo objetivou compreender como os médicos lidam com o processo de comunicar a morte aos familiares em um hospital de emergência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, embasada na antropologia interpretativa e médica. A coleta dos dados deu-se em um dos maiores hospitais públicos de emergência da América Latina, ao longo de nove meses de observação participante. Foram entrevistados 43 médicos. A análise foi êmica e guiada pelo modelo dos signos, significados e ações. Embora a morte seja um evento frequente pela gravidade dos casos atendidos, os médicos percebem as vivências da comunicação do óbito como uma das tarefas mais árduas do seu fazer profissional. Fazem uso de roteiros, eufemismos, mecanismos defensivos, enfatizam a gravidade clínica e informam progressivamente sobre o agravamento do quadro, para que a morte seja aguardada pela família e encaixada na rotina da emergência. Os signos e significados estão especialmente correlacionados ao paradigma biomédico, veem o fato como tabu e fracasso, enquanto as ações evidenciam a morte e a interação intersubjetiva como terreno obrigatório de emoções, que ocorrem escondidas pelo profissional. Os elementos apontados podem subsidiar intervenções, planejamento e gestão na atenção à saúde, no âmbito da educação, saúde do trabalhador e organização institucional.

Referência(s)