Artigo Revisado por pares

Antifonte antilógico: sobre physis e nomos

2018; Volume: 116; Linguagem: Português

10.9732/rbep.v116i0.586

ISSN

2359-5736

Autores

Nuno Manuel Morgadinho dos Santos Coelho,

Tópico(s)

Classical Antiquity Studies

Resumo

Neste artigo, examinam-se textos do Ateniense Antifonte (sec. V a.C.) – em especial o fragmento 44 (a, b, c) do tratado Acerca da Verdade, que versa sobre a justica e ponto alto da problematizacao sofistica sobre as relacoes entre direito e natureza. Assume-se a hipotese de as passagens contraditorias que se encontram nos diferentes tratados e discursos de Antifonte sao representativas nao so do exercicio da Antilogia como aptidao retorica e dialetica para sustentar os dois lados de qualquer debate (no quadro da cultura antilogica sintetizada pelas maximas protagoreas de acordo com as quais “sobre tudo e possivel dois discursos” e que “sabedoria e tornar o argumento mais fraco, mais forte”) mas tambem do esforco filosofico por extrair, do principio antilogico, todas as suas consequencias filosoficas, e assim participar do debate de seu tempo. A esta luz, examinam- -se as celebres passagens de Antifonte sobre a justica natural e a justica convencional, que marcam o debate politico e juridico grego classico. Conclui-se que, ao contrario de procurar mostrar a supremacia da justica conforme a natureza ou da justica conforme a convencao, o que Antifonte pretende com o texto em questao e exatamente mostrar a impossibilidade da superacao da oposicao entre physis e nomos.

Referência(s)