Da escrita de Graciliano à leitura de Dostoievski: a prisão e seus mundos
2018; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 14; Issue: 2 Linguagem: Português
10.22456/1981-4526.76558
ISSN1981-4526
AutoresMaria Luzineide Pereira da Costa Ribeiro,
Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoResumo: Quando o ser humano se encontra em restricao de liberdade, o que o estado de confinamento e capaz de produzir? A resposta a este questionamento aponta para existencia de uma instituicao total com fortes marcas de despersonalizacao e que, tacitamente, quando em contato com a literatura, tem seu mundo ressignificado. A partir de estudos academicos realizados nos ultimos seis anos, por ocasiao do Mestrado e do Doutorado, este artigo apresenta tres facetas da literatura observadas nos ambientes prisionais, pensadas aqui, como caminhos possiveis, entre muitos outros, para a saida deste labirinto. A priori, verifica-se que uma destas saidas possiveis se da pela escrita. Por isso, aqui e lancado um olhar sobre a obra Memorias do Carcere de Graciliano Ramos e sua relacao visceral com o mundo da prisao. Neste sentido, a escrita no carcere revelou-se como mecanismo de sobrevivencia, de combate a alienacao e ao ocio. Em segundo plano, apresentamos a literatura e seu carater humanizador, sobretudo quando ultrapassa os muros da prisao e transforma o criminoso em mais um leitor, reformulando seu mundo e, por consequencia, sua existencia. Por fim, a literatura se apresenta como remicao de pena, veste a toga e confere ao preso o direito de ler e ter sua liberdade antecipada. Neste contexto, foram analisados tres relatos de presos das penitenciarias federais brasileiras sobre a obra Crime e Castigo de Dostoievski que, de certa maneira, retoma as discussoes iniciadas sobre a escrita e a leitura e sua significacao em meio ao confinamento e ao ocio. A luz das teorias de estudiosos como Michel Foucault, Erving Goffman, Chantal Horellou Lafarge e Monique Segre, Michele Petit, as fronteiras entre a literatura e a prisao sao superadas e seus mundos embaralhados por meio da pratica literaria e da urgencia da sua escrita.
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