
Eros e Psiquê em "Lão-dalalão (dão-lalalão)"
2007; Volume: 8; Issue: 1 Linguagem: Português
10.35520/metamorfoses.2007.v8n1a21760
ISSN0875-019X
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoNa estrutura arquitetônica de Corpo de Baile, articulada pelo princípio musical da poeticidade da forma narrativa, «A estória de Lélio e Lina» e «Lão Dalalão (Dão-Lalalão)» intimamente se associam como variações mitopoéticas acerca da divina potência de Eros.Na simetria especular das duas estórias, que se situam no fim e no início de cada uma das metades de que se compõe o livro dividido pela parábase central de «O recado do morro», o amor simbolizado no eterno feminino redime o destino masculino.Lina e Doralda se irmanam como protagonistas do drama de iniciação nos mistérios do amor.Ambas desempenham a função hierática de iniciar os parceiros masculinos no magistério erótico.Lina realiza a catarse dos desenganos amorosos de Lélio, e Doralda submete Soropita ao regime de fascinação da existência erotizada no vínculo nupcial do corpo e da alma.Na primeira edição de Corpo de Baile (ROSA, 1956), a estória de amor de Soropita e Doralda se apresenta com três títulos diversos, que se revelam complementares.No índice inicial do primeiro volume, a estória se intitula «Lão--Dadalão (Dão-Lalalão)».A repetição poética da forma sonora, que ressoa como anafonia simbólica, reforça o poder hiperbólico da arte de amar.No índice final do segundo volume, o título se reduz a «Dão-Lalalão», em que se condensa o som alusivo à trama fono-semântica do redobrado toque de sinos, que celebra a força redentora da experiência amorosa.No corpo do segundo volume, encimando a estória, o título «Dão-Lalalão» tem por subtítulo «O Devente», que se refere à situação conflitiva de Soropita, cuja vida se representa dramaticamente empuxada pelos impulsos contrapolares do prazer suscitado por Doralda e do dever imposto pelo axioma ético da conduta pautada pelo código de honra do homem educado na escola da valentia.Em «A estória de Lélio e Lina», a vivência erótica se compreende como «lãodalalão -um sino e seu badaladal» (ROSA, 2001a: 301).Na correspondência com o tradutor italiano, Guimarães Rosa enfatiza a musicalidade do título da estória de amor de Soropita e Doralda ao esclarecer que o lão funciona como expressão mimofônica, que traduz «o tom (de viola ou outro instrumento), o lá do diapasão, o toque suave (som)» (ROSA, 1981: 40).No relacionamento harmônico com
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