BRANDOS, SUAVES… E SATÍRICOS. BUCOLISMO E SÁTIRA EM DIOGO BERNARDES
2018; Coimbra University Press; Volume: 7; Linguagem: Português
10.14195/2183-847x_7_4
ISSN2183-847X
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoNeste estudo parte-se da conceptualização que toma o satírico como modo literário, passível, portanto, de dominar um texto ou de nele se manifestar em interacção com outros modos, aceitando ou rejeitando as expectativas abertas pela tradição. Neste sentido, a subtileza expressiva com que se embrenha em textos de géneros pautados por convenções que não tornariam previsível a sua presença pode constituir um factor importante a determinar a sua eficácia. Particularizando, estuda-se a forma como se infiltra a sátira no lirismo e na obra bucólica de Diogo Bernardes, poeta quinhentista repetida e paradigmaticamente caracterizado pela brandura e suavidade dos seus versos. Tomando como contraponto as cartas, analisa-se nas éclogas de O Lima a exploração de convenções que permitem o tratamento satírico de algumas situações e acontecimentos do mundo empírico, e vê-se que os pastores de Diogo Bernardes se tornam observadores e críticos autorizados do mundo que abandonaram. No entanto, sendo certo que dirigem a sua sátira de forma bem mais directa e impetuosa do que o faz o próprio autor no seu epistolário, estes pastores não deixam de entoar os versos “brandos” e “suaves” característicos da poesia bucólica em geral, e da obra de Diogo Bernardes em particular.
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