O campo e a educação: caminhos e descaminhos das políticas educacionais brasileiras
2019; UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO; Volume: 4; Linguagem: Português
ISSN
2594-4231
AutoresClaudiomiro Ferreira de Oliveira, Déa Nunes Fernandes,
Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoEducacao do Campo e uma expressao que so recentemente foi incluida no vocabulario da educacao brasileira e na letra das leis relativas a educacao nacional. A educacao “no” campo, por outro lado, e tao antiga quanto a propria manifestacao do fenomeno da educacao formal em nosso pais. O processo educativo ao qual se refere, hoje, a expressao Educacao do Campo, se constituiu em oposicao a chamada Educacao Rural pensada para o (e praticada no) campo brasileiro ao longo do tempo. Embora, a sociedade brasileira tenha se desenvolvido fundamentalmente no e a partir do campo a constituicao do processo educativo formal em nosso pais subalternizou os sujeitos do campo, as sociabilidades do campo e o modo de vida campesino ao mesmo tempo em que hipervalorizou a urbanidade (que muitas vezes foi usada como sinonimo da civilidade). Esta situacao/condicao nutriu e tem nutrido discussoes em busca da criacao e do fortalecimento do movimento por uma Educacao do Campo. Os sinais da organizacao de grupos da sociedade em torno das questoes da Educacao do Campo comecam a ser notados mais efetivamente na decada de 1990 quando os movimentos sociais do campo, apoiados na Constituicao de 1988 que institui a educacao como “um direito de todos”, trazem para os foruns de discussao a necessidade de se constituir espacos que reflitam e valorizem os saberes e sociabilidades dos povos do campo no Brasil, destacando o direito ao respeito e a adequacao da educacao as singularidades culturais e regionais. Em nossa investigacao nos indagamos sobre como tem se configurado ou (re)constituido as narrativas e praticas identitarias associadas a expressao Educacao do Campo? A quais sujeitos e espacos se referem este projeto de educacao? Nossa discussao se espraiara como em um a ensaio teorico, sem muita restricao bibliografia ou terminologica ou de categorias analiticas. Com um tema proposto de antemao – o dialogo entre a educacao e o Campo brasileiros - nos permitimos seguir o curso do nosso pensamento e sentimento que tem por base nossa vivencia social e academica. O estudo nos permitiu dizer que na constituicao do nosso sistema de educacao formal foram sendo, ao longo do tempo, apagados dos pressupostos teoricos, da metodologia e da finalidade/objetivo da educacao as referencias relativas aos sujeitos e a vida do/no campo. E importante ressaltar, no entanto, que houve muita resistencia a esse processo. Por exemplo, a criacao dos sindicatos rurais (1934), da ASSESOAR (1966), das Casas Familiares Rurais e Escolas Familias Agricolas (1981), do MST (1984), etc. Essa resistencia se nutre, sobretudo, do fato de a dinâmica da vida campestre ter influenciado e inspirado profundamente, ao longo de toda a historia de nosso pais, a constituicao das nossas identidades e diferencas. Ela marcou fortemente nossa literatura, nossa musica, nossa lingua, nossa religiao, nossa arte, nosso imaginario e nossa vida pratica.
Referência(s)