Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A RIQUEZA FORMAL NA POESIA DE ANTONIO BRASILEIRO

2019; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA; Issue: 22 Linguagem: Português

10.13102/semic.v0i22.4094

ISSN

2595-0339

Autores

Fabrício Lima Oliveira,

Tópico(s)

Linguistics and Education Research

Resumo

O poeta Antonio Brasileiro é, reconhecidamente, um dos mais consistentes poetasbrasileiros, na contemporaneidade. A consistência de sua obra evidencia-se, entre outrascoisas, pelo rigor formal e pela utilização e domínio de uma gama muito variada derecursos técnicos, ajustados de forma singular à composição de cada um de seuspoemas. Trata-se, portanto, de um poeta fundamental, situado como nome de referênciapara uma geração importante de poetas, surgida em Feira de Santana, a partir de 1972,com a criação, pelo próprio Antonio Brasileiro, da Revista Hera (1972 – 2005) quepublicou 20 números e que hoje se situa como um marco histórico da poesia brasileira,na atualidade. Este trabalho de pesquisa se justifica como mais uma contribuição nosentido de realçar a importância da riqueza formal de um poeta que, ao longo dasúltimas quatro décadas, tem inspirado gerações de poetas, na Bahia e, especialmente,em Feira de Santana.Antonio Brasileiro (Antonio Brasileiro Borges), poeta, ensaísta, artista plástico eprofessor, nasceu em 15 de Junho de 1944 em Matas do Orobó, Bahia. Resideatualmente em Feira de Santana. Eleito em 08/06/2009 para a Academia de Letras daBahia, é o primeiro escritor residente no interior do estado a assumir uma Cadeira nareferida Academia, ocupando a cadeira de Zélia Gattai. Antonio Brasileiro é um dosmais consistentes poetas brasileiros, na contemporaneidade. Sua poesia é instigante eevidencia-se, entre outras coisas, pelo rigor formal e pela utilização e domínio de umagama muito variada de recursos técnicos.Na década de 1960 – entre os quinze e vinte e cinco anos – o poeta, já residenteem Salvador, vive uma vida intensa: entra para a Universidade (Ciências Sociais,UFBA), passa a estudar no Seminário de Música, além disso, começa a pintar, publicaseus primeiros livros, cria as Edições Cordel (Revistas Serial e Cordel). Reside poralgum tempo no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte (1966/67) e têm poemaspublicados na Revista Civilização Brasileira. No início de 1971, passa a morar em Feirade Santana, onde cria a revista Hera (1972 – 2005) em parceria com os alunos seus doColégio Estadual de Feira de Santana, a exemplo de Roberval Pereyr, WashingtonQueiroz e Wilson Pereira de Jesus. Hera, que em seus três primeiros números era umarevista de contos, a partir do número 4 passou a publicar apenas poesia (e, como tal,contando, a partir daí, com a participação de nomes como, entre outros, Juraci Dórea,Iderval Miranda, Luís Valverde , Luis Pimentel, Edmundo Carôso (Edmundo) e CarlosPitta (Piter), Trazíbulo Henqique Pardo Casas, Rubens Alves Pereira, Assis FreitasFilho, Juraciara Lima, além dos três cofundadores acima citados), engendrou, sob acoordenação inicial de Antonio Brasileiro, uma marcante movimentação literárioculturalna Bahia, com significativa repercussão nacional. Alguns anos depois (1980),sai pela Editora Civilização Brasileira o primeiro livro de poesia de Antonio Brasileiroem edição nacional, intitulado Os três movimentos da sonata. Em 1992, Brasileiroconclui seu Mestrado em Letras pela UFBA, e liga-se, como professor, à UniversidadeEstadual de Feira de Santana-UEFS (1993). Anos depois, conclui Doutorado emLiteratura Comparada (UFMG, 1999). Antonio Brasileiro, como pintor, está entre os dachamada Geração 70 de artistas plásticos da Bahia. Com quase 30 livros publicados,destacam-se entre eles: Caronte (1995, romance), Antologia poética (1996), A estéticada sinceridade (2000, ensaios), Da inutilidade da poesia (2002, ensaio), Poemasreunidos (2005), Dedal de areia (2006, poesia), Desta varanda( ), Longes terras ( ) eLisboa 1935 ( ).O poeta Antonio Brasileiro apresenta na sua obra uma apurada reflexão líricofilosófica.Sua multifacetada poesia retrata, de muitas maneiras e em muitas dimensões,a instabilidade e a fragilidade da condição humana. Para dar conta de tudo isso, o poetaevidencia o domínio de muitas áreas de conhecimento e a capacidade de encontrarsoluções formais para as mais diversas situações existenciais encenadas em seuspoemas. Neste sentido, não hesita em lançar mão, por exemplo, do mais puro lirismo,ou, ao contrário, do exagero cômico, do grotesco, da ironia, da sátira e dodesconcertante humor que lhe é característico, muitas vezes obtido pela rara capacidadede utilização do paradoxo, que põe em cheque a mera racionalidade, gerando choque esurpresa. Tudo isso sem perder jamais de vista a dimensão estética da linguagem,evidenciada através da utilização (e da combinação) sempre oportuna e surpreendentedo ritmo, da imagem e da musicalidade.

Referência(s)