Artigo Acesso aberto

A ARTE COMO REPRODUÇÃO DE UMA VISÃO POLÍTICA POR “PINTO VEM AÍ” DE OLNEY SÃO PAULO

2019; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA; Issue: 22 Linguagem: Português

10.13102/semic.v0i22.4127

ISSN

2595-0339

Autores

Taciane Barbosa Dos Reis Lima,

Tópico(s)

Gender, Sexuality, and Education

Resumo

Essa pesquisa teve como objetivo estudar um filme documentário de Olney São Paulo, para analisar algumas questões políticas da obra no contexto dos anos 1970. Para realizar a discussão foram identificadas referências bibliográficas sobre os temas envolvidos na obra, como, por exemplo, o cenário político local e nacional na época do Regime Militar após o golpe de 1964. Neste contexto está inserida a obra do cineasta jacuipense Olney São Paulo e o personagem principal do seu filme analisado, o político feirense Francisco José Pinto dos Santos. O período foi marcado pela repressão e a censura, principalmente depois da edição Ato Inconstitucional nº 5 (AI-5), em 1968, para impedir manifestações que discordassem do regime.Este é o cenário que Olney São Paulo marcou a obra literária e cinematográfica e a sua trajetória de vida. O menino nascido no interior da Bahia, mais precisamente na cidade de Riachão do Jacuípe, passou por Feira de Santana e chega ao Rio de Janeiro, como afirma José (1999, p.9), Olney tinha a postura do rebelde assumido, sem medo e sem ódio, mas com a firme determinação de opor-se a qualquer tipo de autoritarismo. Por meio de suas obras trazia o anseio pela liberdade, o que gerou grandes conturbações em sua vida, já que Olney ia de encontro ao que instituía o Regime Militar. Dentro os problemas vividos pelo Cineasta, houve o trágico desfecho após a produção do filme Manhã Cinzento (1969), quando foi preso por seu filme ser acusado de retratar uma imagem de denúncia ao sistema.Outro elemento observado através desses estudos foi a autenticidade das produções cinematográficas de Olney São Paulo, já que o mesmo nunca dispôs de grandes ferramentas para as suas produções. Olney se encaixa perfeitamente ao que se chama de diretor-autor, como afirma Rocha (2003, p. 34-35), que recusa a “história”, o “estúdio, a “estrela”, os “refletores”, os “milhões”; necessita apenas uma ideia nacabeça, uma câmera na mão, no mais, algumas películas e o indispensável para filmar em liberdade. Realiza filmes socialmente engajados e não se cala diante das mazelas sociais nem das realidades contraditórias.Olney São Paulo traz essas movimentações em suas produções, como no documentário Pinto vem aí (1977), que retrata muito bem as denúncias feitas pelo Cineasta do cenário político pós-golpe de 64, o que reafirma a condição autoral do cineasta. O filme documentário Pinto vem aí (1977) marcou o retorno de Olney São Paulo a um tema político direto, após ser processado por produzir Manhã Cinzenta (1969). O documentário retrata o retorno do exílio do Ex-Deputado, e prefeito exilado de Feira de Santana, Francisco José Pinto dos Santos, homem integrado ao denominados autênticos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).Francisco Pinto foi um homem extremamente honesto, humilde e que sempre lutou contra o regime autoritário que se instalava na época, e assim como Olney São Paulo foi punido por causa de seu posicionamento. A volta de Francisco Pinto foi registrada pelo olhar sensível, inteligente e crítico de Olney São Paulo, e foi através desse olhar que o Cineasta registrou as imagens do retorno do político entre seus conterrâneos.O posicionamento de Francisco Pinto pode ser observado em seu discurso perante a população de Feira de Santana, que durante uma coletiva de imprensa o político, além de relatar alguns processos pelos quais passou por conta de sua postura de oposição ao regime, denuncia o governo fascista que ainda permanecia no poder. Por meio de suas falas, Francisco Pinto provoca nos cidadãos reflexões acerca do Regime Militar, dando encorajamento ao povo a lutar por seus direitos e liberdade, por mais que a democracia estivesse negada. Olney São Paulo por detrás das câmeras repercutia esse discurso, fazendo também o seu discurso cinematográfico em prol da liberdade de expressão.

Referência(s)