
Considerações sobre as transposições dos músculos retos. O deslizamento lateral
1996; Conselho Brasileiro de Oftalmologia; Volume: 59; Issue: 6 Linguagem: Português
10.5935/0004-2749.19960007
ISSN1678-2925
Autores Tópico(s)Nerve Injury and Rehabilitation
ResumoRESUMO As operacoes chamadas transposicoes musculares tem-se demonstrado uteis para a correcao de certos tipos de estrabismo, tanto comitantes como incomitantes. A interpretacao mecânica do efeito da cirurgia tem, entretanto, sido alvo de discrepâncias, que partem ja da interpretacao dos fatos fisiologicos relativos aos musculos retos. Os antigos tratados mostravam que uma a ducao ocular em perpendicular ao plano de acao de um musculo reto provoca um deslizamento deste sobre a esclera, de modo a que ele assume sempre o trajeto mais curto entre as duas insercoes. Teorias modernas tem afirmado o inverso, isto e, que os musculos retos atravessam formacoes semelhantes a polias, situadas na regiao equatorial do olho, que impedem fortemente os movimentos de translacao. Isto garantiria a imutabilidade da acao do musculo, qualquer que seja a posicao adotada pelo olho. Alguns trabalhos, que assumem essa linha de pensamento, afirmam que aquelas estruturas impedem o deslizamento lateral dos musculos inclusive nas operacoes de transposicao muscular, como a de Hummelsheim. O autor exibe fotografias de atos cirurgicos, mostrando que as estruturas sao destruidas durante esse tipo de operacao, pois a posicao dos musculos mostra que ha translacao, pelo menos a partir de uma regiao situada atras do polo posterior do olho, como, alias, a propria tecnica cirurgica sugere, pois as estruturas perimusculares sao seccionadas ate cerca de 15 mm para tras da insercao muscular, portanto bem para tras do equador; qualquer polia existente na regiao do equador e obrigatoriamente seccionada, liberando o musculo para que assuma um grande circulo ao redor do olho (o caminho mais curto entre o ponto de mudanca de direcao e a nova insercao). Aproveitando o ensejo, o autor exibe curvas comprimento-forca realizadas durante as operacoes, mostrando que as operacoes tipo Carlson & Jampolsky, para a paralisia de abducao, criam certa limitacao passiva de adocao, contrariamente a cirurgia de Knapp para a assim chamada dupla paralisia de elevadores. Como corolario dessas demonstracoes, o autor contesta a maneira como Knapp propos a reinsercao dos musculos horizontais, transpostos para junto a insercao do reto superior. Ele os reinsere em proxima a perpendicular a espiral de Tillaux, quando, na verdade, devem ser inseridos paralelamente a ela, sob pena de diminuicao do efeito elevador desejado, pois, da sua maneira, as fibras inferiores dos musculos ficam mais tensas do que as superiores, transferindo para baixo a resultante das forcas.
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