Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Anne Frank e Michel Laub: os diários e a violência cotidiana

2019; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 13; Issue: 24 Linguagem: Português

10.17851/1982-3053.13.24.55-73

ISSN

1982-3053

Autores

Filipe Amaral Rocha de Menezes,

Tópico(s)

Linguistics and Education Research

Resumo

O diário de Anne Frank (em holandês Het Achterhuis, de 1947) é um dos relatos mais instigantes produzidos no contexto da Shoah. Elaborado a partir dos manuscritos de uma adolescente judia alemã na Holanda, durante uma perseguição nazista, o livro é uma grande referência para a literatura mundial, especialmente para a Literatura do Testemunho. Diário da queda (2011), romance do escritor brasileiro Michel Laub, gira em torno de três gerações de uma família judia: o avô do narrador, impulsionado pela experiência de ter sido preso em Auschwitz; o pai do narrador, que carrega as lembranças amargas do suicídio do pai quando tinha apenas quatorze anos; e o filho, o narrador, que carrega consigo a culpa de ter causado acidentalmente um acidente que feriu um colega de classe e suas consequências, quando ele era adolescente. O diário como um gênero, aqui em debate, emerge de um texto monólogo cujo autor seria seu único leitor, em meio as suas características comunicativas e literárias do íntimo, da individualidade, elementos estes não mais considerados. Desse gênero, no entanto, emerge a noção de autoficção, ou mesmo a escrita de si, um gênero ambivalente em que o autor questiona a realidade e a si mesmo. A partir da comparação desses dois diários, um testemunhal e outro ficcional, em suas abordagens, aproximações e distâncias, pretende-se analisar a violência cotidiana neles impregnada.

Referência(s)