Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A NOMEAÇÃO NO TRACTATUS DE WITTGENSTEIN

2019; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA; Issue: 22 Linguagem: Português

10.13102/semic.v0i22.3920

ISSN

2595-0339

Autores

Juan Erlle Cunha de Oliveira,

Tópico(s)

Linguistics and Education Research

Resumo

O que está em jogo na exigência de significado do nome é o postulado da figuração dalinguagem frente ao mundo. Não havendo objeto, não há como estabelecer figuração;não havendo nome, não há proposição. Ora, se os objetos são simples e fixos (Cf. 2.02),inalteráveis em sub specie aeterni, mas variável apenas pelas possibilidades dos seusarranjos com outros, os seus nomes não podem ser definidos (Cf. 3.261; PINTO, 1998,p. 185), caso contrário o valor de verdade de uma proposição dependeria previamenteda definição do nome que emprega, isto é, de outra proposição e assim ad infinitum,desmoronando a tese isomorfista do Tractatus. O nome também é simples e fixo(PINTO, 1998, p. 197), mas articulados com os elementos da proposição/figuração talqual os objetos nos estados de coisas, como aponta o aforismo 3.21.Ademais, da“inefabilidade da existência” do objeto (Cf. Hintikka & Hintikka, 1994), isto é, que sejaimpossível exprimir a sua existência - “Não podemos pensar em nenhum objeto fora dapossibilidade de sua ligação com outros” (Cf. 2.0121) – tem-se como contraparte aindefinibilidade do nome. Assim, o nome não é independente da proposição de que éelemento constituinte. Notemos que no início do aforismo 3.221, Wittgenstein diz: “Osobjetos, só posso nomeá-los”. O que se entende pelo verbo “posso” e a ação de nomear(“nomeá-los”)? O rubicão deste trabalho consiste no fato de que um nome não estáinscrito na natureza do objeto, tampouco é expediente da lógica selecionar qual nomedeve nomear qual objeto, como atesta o próprio autor. Apenas se exige que umacorrespondência deve haver. Neste sentido, pretendemos investigar a possível atuaçãode um sujeito transcendental capaz de conferir um nome a um objeto determinado e oprincípio do contexto, como põe o aforismo 3.3. Não obstante, a tese do sujeitotranscendental não implica em verter a nomeação em linguagem, posto que habita forados limites do mundo, no inefável. É por isso que alguns comentadores cotejam esse“segredo” do Tractatus a ponto de considerar a necessidade de um Deus. (Cf. SALLES,2006a). É preciso salientar que esse problema não é suficientemente resolvido peloprincípio do contexto (Cf. 3.3), pois, embora a própria proposição indique a que objetoum nome se refere, ainda não explica quem ou o quê dá um nome x a um objeto x`. Apertinência desse tema não se esgota no Tractatus. Trata-se de uma questão que temdesdobramentos importantes para a compreensão do sentido da obra futura deWittgenstein, como as Investigações Filosóficas, na ostensão linguística, o quefundamenta a pertinência desse plano de trabalho.

Referência(s)