Artigo Revisado por pares

Uma experiência transdisciplinar no ensino de Paisagismo.

2007; Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais; Volume: 13; Linguagem: Português

10.14295/oh.v13i0.1710

ISSN

2447-536X

Autores

Michelle Melissa Althaus Ottmann, Áurea Portes Ferriani, Ricardo Serra Borsatto, Carmem de Moraes,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

O paisagismo, embora muitos nao o percebam, sempre exerceu uma valiosa funcao social, pois observa-se sua evolucao ao longo da historia da humanidade, de forma sincronizada com as mudancas ocorridas em diversos âmbitos da vida humana. Mas no momento historico em que comecam a surgir as primeiras comunidades capitalistas (Renascimento), onde eclode um novo paradigma para se abordar o universo (cartesianismo) e se consolida a especializacao do trabalho (revolucao industrial), o trabalho do paisagista que, no passado, beneficiava a toda uma sociedade, ficou restrito a uma pequena elite, que o utilizava como simbolo de status e tambem como ponto de encontro de dirigentes de reinados, para realizarem pactos e aliancas economicas. E e nesse contexto, que surge o arquiteto paisagista, o qual, principalmente na Franca tem por meta “domar a natureza indomavel”. E devido ao rumo tomado por essa atividade e tambem pela ciencia, ou seja o rumo do paradigma cartesiano, no cenario atual o paisagismo encontra grandes dificuldades em se firmar como uma reconhecida area do conhecimento, devido em grande parte, a manutencao deste paradigma vigente em nossas instituicoes de ensino. Kuhn (2005) escreve que paradigma cientifico e o universo de valores culturais, ideologicos, historicos e epistemologicos que condicionam a producao do conhecimento. Em nosso sistema de ensino, teve sua base filosofica e metodologica construida por Rene Descartes (1596-1650), que separou o sujeito pensante (ego cogitans) e a coisa extensa (res extensa), isto e, separou a filosofia da ciencia, e coloca como verdade as ideias “claras e distintas” (DESCARTES, 2002). A partir deste momento somente o que e tangivel e mensuravel passa a ser considerado cientifico e de relevância social. Em sua segunda regra Descartes (2002) propoe: dividir cada uma das dificuldades encontradas em tantas pequenas partes quanto fosse possivel e necessario para melhor resolve-las. Esta regra, que persiste no ideario academico ate os dias de hoje, impossibilita a verdadeira compreensao e o desenvolvimento do paisagismo. Recentemente, com o advento das grandes megalopoles como Sao Paulo, Toquio, Nova Iorque, a humanidade comeca a perceber que estamos vivenciando uma problematica socio-ambiental – a poluicao e a degradacao do meio, crise de recursos naturais, energeticos e de alimentos - que afeta a sustentabilidade do planeta e questiona a racionalidade economica e tecnologica dominantes. Esta problematica socio-ambiental tem levado a sociedade a internalizar novos valores e principios epistemologicos que orientem a construcao de uma nova racionalidade produtiva, sobre bases de sustentabilidade ecologica e equidade social. Neste momento a humanidade comeca a “revalorizar” os beneficios proporcionados pelo trabalho do paisagista. (LEFF, 2002) Diante dessa problematica que envolve instituicoes de ensino, profissionais, alunos etc, desenvolveu-se uma experiencia transdisciplinar na Escola CEPDAP, em Curitiba, Parana, no curso Tecnico em Paisagismo, especificamente no primeiro modulo do curso, o qual envolve as disciplinas de Historia do Paisagismo, Botânica, Meio 1317 Ambiente e Ecologia e Desenho Geometrico. Essa experiencia transdisciplinar de aprendizado objetivou exatamente a quebra do paradigma vigente na formacao do paisagista e tentou fazer com que os alunos que vivenciaram a experiencia adquirissem uma visao holistica e transdisciplinar da profissao de Paisagista.

Referência(s)
Altmetric
PlumX