O ressurgimento das greves operárias no ABC Paulista e o ardil do politicismo da autocracia burguesa bonapartista (1978-85)

2009; Issue: 10 Linguagem: Português

ISSN

1981-061X

Autores

Antônio Rago Filho,

Tópico(s)

Brazilian cultural history and politics

Resumo

Ante a crise que envolve o sociometabolismo do capital, o desemprego massivo e a miserabilidade generalizada, ha que refletir sobre a historia dos vencidos, seus embates e resistencias, possibilidades e perspectivas. Nosso trabalho se propoe a tematizar a entrada dos trabalhadores na cena historica, em finais dos anos 1970 e principios dos anos 1980, na regiao do ABC paulista, valendo-se da arma da greve, a luta meramente reivindicatoria convertida num explosivo, isto porque feria a apropriacao dual da mais-valia e os pilares da acumulacao monopolista subordinada ao imperialismo. Luta economica e politica, embates praticos a unir enormes massas de trabalhadores que transgrediam os marcos da estrutura juridico-politica repressiva da autocracia burguesa bonapartista. A luta pelos valores formais da democracia, aludida pela oposicao burguesa, em especial a parlamentar (PMDB) e a esquerda “eurocomunista”, alinhada no Partido Comunista Brasileiro (PCB), confluia com os designios do projeto de autorreforma da ditadura em seu ardil politicista para consumar a “distensao democratica” pelo alto. A irrupcao das greves operarias se verifica no bojo da crise do chamado “milagre economico brasileiro”, e por sua efetivacao concreta estas batiam de frente com os limites impostos as reivindicacoes economicas da classe trabalhadora. Frustradas as massas trabalhadoras em suas representacoes politicas, a necessidade de uma ferramenta politica era vital para que elas fizessem valer as suas reivindicacoes e mudassem o mando bonapartista e, numa movimentacao social, romper a logica perversa da plataforma economica assentada na superexploracao da forca de trabalho; de outra parte, este historicamente novo se apresentava um novo com tracos problematicos. As formas organizativas que brotaram desse movimento grevista – como comissoes de fabrica, comissoes intersindicais, a propria Conferencia Nacional da Classe Trabalhadora (I Conclat), gerada em 1981, disputada e cindida entre reformistas da Unidade Sindical e os sindicalistas do “Novo Sindicalismo” – foram de extrema importância para a discussao programatica e a necessidade de uma central unica de trabalhadores que permitisse unificar as varias fracoes e segmentos do trabalho. O PT, criado em 1980, conjugando varias tendencias, opondo-se ao marxismo, ja nascia vertebrado pela ideologia social-democratica de Francisco C. Weffort e Jose Alvaro Moises, entre outros, e as posicoes dos influentes teologos da libertacao, como Frei Betto e Leonardo Boff. A “nova esquerda” acabou por soterrar a necessidade do pensamento critico-revolucionario e a teleologia da emancipacao humana, renunciando, com isso, a “independencia ideologica” e, portanto, a qualquer perspectiva alternativa que pudesse emplacar uma transicao parametrada pela logica onimoda do trabalho. Palavras-chave: Greves Operarias; Ardil do Politicismo; Bonapartismo; Autocracia Burguesa; Ditadura Militar Brasileira.

Referência(s)