Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Produção e Percepção: o processo de palatalização em jogo

2018; Volume: 20; Issue: 2 Linguagem: Português

10.35520/diadorim.2018.v20n2a18269

ISSN

2675-1216

Autores

Dermeval da Hora, Pedro Felipe de Lima Henrique, André Wesley Dantas de Amorim,

Tópico(s)

Natural Language Processing Techniques

Resumo

No Português Brasileiro falado em João Pessoa, Paraíba, os estudos de produção a partir dos dados do Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba – VALPB (HORA, 1993) mostram que a palatalização ocorre em duas consoantes coronais: com taxa de 95% nas fricativas antes de /t, d/ (HORA, 2003) e em torno de 7% nas oclusivas antes de [i] (HORA, 1997; HENRIQUE HORA, 2012). Respectivamente, a primeira ocorre quando po[s]te e de[z]de se tornam po[ʃ]te e de[Ʒ]de, e a segunda quando [t]ia e [d]ia se tornam [tʃ]ia e [dƷ]ia. Este artigo objetiva investigar, na perspectiva da produção e da percepção, o processo de palatalização das fricativas coronais em coda medial e das oclusivas dentais antes de [i] no dialeto do Português falado em João Pessoa – Paraíba. Para investigar a percepção dos ouvintes pessoenses sobre a palatalização das fricativas coronais em coda medial, Henrique (2016) elaborou um experimento de discriminação de fala. Com base nas análises a partir de modelos de regressão linear, o autor constatou que a discriminação não depende do contexto precedente ao fenômeno. Com o objetivo de investigar a discriminação entre oclusivas dentais e africadas por ouvintes pessoenses, utilizando os dados de Amorim (2017), o modelo de regressão logística multivariado aqui proposto considerou como relevantes para a predição da discriminação dos ouvintes apenas as fricativas coronais como contexto precedente. Outras variáveis do modelo (Sexo, Faixa Etária, Tonicidade e Vozeamento), significativas em termos de produção, não foram consideradas relevantes pela análise. Portanto, se, em termos de produção, os dados mostram que a fricativa coronal como contexto precedente condiciona significativamente a produção da palatalização das oclusivas dentais, em termos de percepção, ela reduz o contraste entre as variantes oclusivas dentais e africadas. Como conclusão, mostra-se uma associação entre os processos de palatalização das fricativas e das oclusivas dentais no dialeto pessoense. Uma regra fonológica motiva a ocorrência de palatalização da fricativa coronal antes de /t, d/, e essa fricativa palatalizada influencia de maneira significativa a produção e a percepção da fala diante desse contexto. Em termos de produção, essa palatalização desencadeia a palatalização das oclusivas dentais e, em termos de percepção, ela reduz o contraste entre oclusivas dentais e africadas.

Referência(s)
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