Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A cidade de Sócrates: ensaio sobre a natureza da verdadeira arte política em Górgias

2019; Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS); Volume: 12; Issue: 1 Linguagem: Português

10.15448/1983-4012.2019.1.26666

ISSN

1983-4012

Autores

Raquel Azevedo,

Tópico(s)

Psychoanalysis, Philosophy, and Politics

Resumo

Este trabalho se propõe a indagar em que consiste a recalcitrância de Cálicles, que Sócrates reconhece como sua pedra de toque, no diálogo Górgias de Platão. A chave de leitura para pensar o não-diálogo entre Cálicles e Sócrates está, segundo minha hipótese, na analogia entre os amantes dos dois personagens. Os amantes de Sócrates, Alcebíades e a filosofia, são a interiorização (e não a eliminação) do conflito externo com Cálicles. Segundo Hannah Arendt, o acordo consigo mesmo é a resposta socrática à irredutibilidade de Cálicles. Com essa operação, Platão cria uma complexa relação entre os dois modos de vida em jogo e, pela correspondência entre a alma e a cidade, o não-diálogo se desdobra em duas cidades distintas, uma sendo o avesso da outra, como na anedota acerca dos dois discursos sobre Helena proferidos pelo Górgias histórico – que dá nome ao diálogo.

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