A essência infantil resgatada: uma leitura do conto “Mentira de amor”, de Ronaldo Correia de Brito
2019; Volume: 20; Issue: 47 Linguagem: Português
10.5935/1981-4755.20190021
ISSN1981-4755
AutoresÉrica Alves Rossi, Kelcilene Grácia-Rodrigues,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoO artigo faz uma analise do conto “Mentira de amor”, do escritor Ronaldo Correia de Brito, publicado no livro Faca (2003). Baseando-se na concepcao de Piglia (2004) de que todo conto engendra duas historias, o estudo visa mostrar como ambas se imbricam e como diferentes elementos sao manejados para construir a historia cifrada que tem como protagonista a personagem Delmira. Narra-se a historia de uma mae desolada pela morte da filha que, pela manipulacao do marido, torna-se prisioneira domiciliar, juntamente com suas outras tres filhas. A protagonista parece buscar mais do que o retorno da filha, busca o resgate de sua crianca interior, simbolo da consciencia de sua propria individualidade. Com a chegada do circo na cidade, a personagem passa a rememorar experiencias infantis e ao revive-las, toma coragem para mudar sua vida. Tem-se, ai, a historia cifrada de que nos fala Piglia: delineando o processo construtivo do conto a luz de concepcoes cunhadas por Carl Jung e pela Psicologia Analitica, temos o arquetipo da crianca interior que simbolicamente e apresentado pela figura da filha morta. A narrativa se constroi por um tempo de espera, tipico do universo infantil, acentuado pela ansiedade por momentos de prazer. Por meio de uma narrativa breve, que acentua a dicotomia entre liberdade e prisao, publico e privado, passado e presente, e de um tempo que se repete em uma rotina infindavel, a angustia dessa mulher em retomar o controle da sua vida passa pela imaginacao para entao desenhar-se como promessa de morte e libertacao.
Referência(s)