
AMBIGUIDADES DO VAMPIRO NA LITERATURA OITOCENTISTA
2019; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 9; Issue: 9 Linguagem: Português
10.12957/abusoes.2019.40789
ISSN2525-4022
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoO vampiro é uma personagem mítica e literária que, nas últimas décadas, esteve presente em obras literárias, televisivas e cinematográficas de grande sucesso de público, como os filmes Drácula de Bram Stoker (1992) e Entrevista com o vampiro (1994), a série televisiva Buffy, a caça-vampiros (1997-2003) e a saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer (2005-2008). Analisando narrativas vampirescas contemporâneas, David Roas aponta uma “domesticação” ou “naturalização do monstro”, já que vampiros convivem com humanos e se convertem em “mais uma raça ou espécie”, entre tantas no mundo. Roas identifica que o processo de humanização da figura do vampiro e a atenuação de seus aspectos monstruosos teriam se iniciado com a publicação de Entrevista com o vampiro (1976), de Anne Rice, a partir da caracterização de Louis como um vampiro belo, sensível e culpado por matar pessoas. Entretanto, ao analisar poemas e narrativas do final do século XVIII e do século XIX, o presente artigo pretende explicitar que tal processo se inicia muito antes, na transição da personagem vampiresca do universo mítico para obras literárias. Conclui-se, a partir da análise dos poemas Christabel, de Coleridge (1795) e A noiva de Corinto, de Goethe (1797), do conto A morta amorosa, de T. Gautier (1836), e dos romances Carmilla, a vampira de Karstein, de S. Fanu (1874) e Drácula, de B. Stoker (1897), que, desde o século XVIII, encontra-se uma ambiguidade na caracterização dos vampiros em obras literárias, nas quais se encontra uma alternância entre a descrição humanizada e monstruosa dos vampiros.
Referência(s)