Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

(Educ)AÇÃO Musical Superior no Sudeste do Brasil: Currículo como Prática e Possibilidades de Ações do Pensamento (De)colonialista

2019; MayDay Group; Volume: 18; Issue: 3 Linguagem: Português

10.22176/act18.3.56

ISSN

1545-4517

Autores

Euridiana Silva Souza,

Tópico(s)

Race, Identity, and Education in Brazil

Resumo

As problematizações que aqui se apresentam partem da consciência de que as músicas, como fazeres sociais e relacionais, ocupam quaisquer espaços em uma infinidade de práticas e concepções.No entanto, como objeto legitimado de estudo nas instituições de ensino superior, majoritariamente, se definem sob o peso tradição colonialista eurocêntrica.A colonialidade, como bem apontam Shifres e Rosabal-Coto (2017), apoiados em Quijano (2000), é uma lógica de pensamento pautada na ontologia do modelo ideal de ser humano da modernidade europeia.Através da colonialidade do saber (Lander 2005) e do poder (Quinjano 2005), esta lógica conquistadora e excludente definiu, e ainda define, quem sabe e quem pode dentro de uma sociedade."A colonialidade do saber nos revela ... um legado epistemológico do eurocentrismo que nos impede de compreender o mundo a partir do próprio mundo em que vivemos e das epistemes que lhes são próprias" (Porto-Gonçalves 2005, 3).Em música, e principalmente na educação musical superior brasileira, a colonialidade pode ser presenciada por uma reprodutibilidade do sistema conservatorial europeu, não somente em suas práticas de ensino, mas, especialmente, na definição do objeto a ser ensinado, a música conhecida como música clássica/erudita/concerto. Ideais de música como "objeto elaborado para ser contemplado, distanciado do sujeito que o realiza ou participa de sua construção", são perpetuados através de uma prática que "classifica o que é música e o que não, quem tem a habilidade para ser músico e quem não, determinando papéis hierarquizados para as pessoas participantes nas diferentes experiências musicais-compositor, executante e audiência" (Shifres e Rosabal-Coto 2017, 86).Uma música como objeto/produto em si, cujas relações de ensino-aprendizagem replicam práticas passadas, dificultando não somente a criação de uma identidade própria da música local (Woodford 2002), mas também preservando a manutenção de um habitus conservatorial (Pereira 2013) 1 que é feito e refeito na sua condição de estrutura estruturante (Bourdieu 2008) do pensamento hegemônico.Esta hegemonia do pensamento colonial culmina em "estratégias de opressão e silenciamento de vários tipos" (Miglievich-Ribeiro 2014, 67): de ser, de estar, de poder, de existir e conhecer.Tais estratégias anulam a alteridade em nome de uma homogenia ditada hierarquicamente de cima para

Referência(s)