
ALÉM DO PRINCÍPIO DE INCÊNDIO: A MORTA, DE OSWALD DE ANDRADE
2019; UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS; Issue: 34 Linguagem: Português
10.15210/cdl.v0i34.16979
ISSN2358-1409
AutoresCláudia Luiza Caimi, Augusto Patzlaff,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoO material disponível à consulta em texto ou imagem pertence à lista de artefatos permitidos pelo poder. São assombrosamente arbitrários e vulneráveis a ataques. A obliteração dos arquivos atinge o registro humano, mas também todas as contradições que ameaçam a sustentação do poder e o descrédito da crença oficial, como diz Susan Buck-Morss, “o que sobrevive nos arquivos faz isso por acaso. O desaparecimento é a regra”. Explodir o continuum, diz Benjamin, propõe uma violência militante por “metáforas terroristas” que perturbem a instituição histórica dominante, possibilitando um resgate da memória distante das convenções oficiais fornecidas pelo poder dos guardiões nacionais. “Flamba tudo nas mãos heroicas do poeta” (2005, p. 237), escreve Oswald na peça A morta quando o Poeta inicia o incêndio. Os mortos presentes e incendiados do País da Anestesia pertencem ao hall da história. Assim, o receio duvidoso em como prestar testemunho à verdade com artefatos transitórios elencado por Susan Buck-Morss encontra uma brecha para diálogo com o texto de Oswald de Andrade, especialmente nesse caso, em A morta: onde o método antropofágico perpassa o passado ressignificando a sua existência. Faz uso da pólvora, do fogo e da fogueira, dinamita a tradição regrada e instituída no país da gramática e em cemitérios mascarados por um aparente abandono.Palavras-chave: Antropofagia; incêndio; memória; instituição; A morta.
Referência(s)