
A doença falciforme na Amazônia: as intersecções entre identidade de cor e ancestralidade genômica no contexto paraense
2019; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ; Volume: 11; Issue: 2 Linguagem: Português
10.18542/amazonica.v11i2.5755
ISSN2176-0675
Autores Tópico(s)Hemoglobinopathies and Related Disorders
ResumoA Doença Falciforme (DF ou Hb SS) é a síndrome genética mais prevalente em todo o mundo. Na Amazônia, estado do Pará, o grupo homozigotocom Hb SS representa cerca de 1% da população, que convive com vulnerabilidade biossocial relacionada à “raça/cor” e às manifestaçõesclínicas severas e de difícil tratamento da DF. Pesquisamos as categorias biológicas (genéticas) e culturais (raça/cor) de pessoas diagnosticadas comHb SS, confrontando as intersecções de Identidade Social (IS) e Ancestralidade Genômica (AG), e analisando a condição biocultural dos sujeitos. Investigamos 60 pessoas com DF no estado do Pará. Foram coletadas amostras de sangue na Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará (HEMOPA/Belém) e realizados testes de Ancestralidade Genômica autossômica no Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM), da Universidade Federal do Pará (UFPA),onde usamos 62 Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIM) via Proteína C-Reativa (PCR) multiplex no sequenciador ABI Prism (Prisma de Biossistemas Aplicados) 3130 e software v.3.2 GeneMapper ID. Realizamos pesquisa de campo de caráter etnográfico e entrevistas semiestruturadas, após a entrega dos resultados dos laudos de AG. No corpo da tese, utilizamos um texto integrador com quatro artigos científicos:o primeiro artigo descreve a epidemiologia da DF no Pará, referido como a introdução da tese; o segundo trata sobre os preconceitos e os determinantes sociais da saúde vivenciados por pessoas com DF, o problema investigado; o terceiro demonstra as questões de renda/cor equalidade de vida dos indivíduos pesquisados; e o quarto aborda as manifestações clínicas da DF e as intersecções entre a identidade de raça/cor e a Ancestralidade Genômica no estado do Pará. O estudo foi embasado na identificação do processo de racialização da DF como um Determinante Social da Saúde (DSS), concebida como uma “doença que vem do negro” na Amazônia. Concluímos que é importante analisar os padrões epidemiológicos da população brasileira partindo de suas características etnicorraciais, devido à presença africana, europeia e indígena marcante na região amazônica, em especial, em grupos comuma doença genética crônica. As manifestações clínicas da DF podem ser mensuradas de acordo com os dados de ancestralidade genômica eautodeclaração de raça/cor, em se tratando de diferenças que envolvem o DNA, o gênero/sexo, a idade e a renda familiar, todavia, apenas o status socioeconômico e as características de ascendência genética não conseguem responder sobre a heterogeneidade da sintomatologia da DF,e devem ser levados à análise de polimorfismos associados a esses eventos.
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