Artigo Acesso aberto Produção Nacional

A Enfermagem no processo embrionário da Fisioterapia

2020; Volume: 12; Issue: 6 Linguagem: Português

10.33233/eb.v12i6.3771

ISSN

2526-9720

Autores

Silvio Jorge Chaim Melhado,

Tópico(s)

Health, Nursing, Elderly Care

Resumo

Hoje a Fisioterapia é amplamente conhecida como um curso de ní­vel superior, sendo seus graduados profissionais liberais e autônomos, porém nem sempre foi assim. Apesar de todo o contexto histórico da antiguidade apontar para práticas de tratamentos utilizando-se de meios fí­sicos, como a água, o calor e a massagem, é na Inglaterra do séc. XIX, em plena revolução industrial, que observamos o processo embrionário desta profissão, antes mesmo das duas Grandes Guerras que impulsionaram a reabilitação [1]. Enfermeiras dos hospitais ingleses começaram a se utilizar da massoterapia no auxí­lio aos enfermos, porém, por diversas razões a prática adotada por essas profissionais foi se tornando independente, pois caracterizava uma nova possibilidade de trabalho para as mulheres. Assim, surgiram escolas de treinamento para ensinar cientificamente a massagem e a eletricidade com finalidades terapêuticas. Com o tempo observou-se a necessidade da inclusão de exercí­cios no tratamento das pessoas com problemas fí­sicos [1]. Em julho de 1894 foi fundada a Society of Trained Masseuses (Sociedade das Massagistas Treinadas) que era um departamento do Instituto de Parteiras e do Clube das Enfermeiras Diplomadas tendo como uma das principais fontes de informação cientí­fica a seção da Sociedade de Massagem do Nursing Notes, publicação especí­fica da enfermagem. Até então havia rejeição í participação profissional masculina [2]. Nos Estados Unidos, nesta época, a reabilitação ficava a cargo de mulheres treinadas e que tinham a denominação de "ginastas médicas". Com o advento da Primeira Guerra Mundial houve um aumento na demanda por profissionais para reabilitar os soldados lesados ou incapacitados para o mais próximo da normalidade, optando-se por candidatas graduadas em escolas de educação fí­sica ou enfermagem; ou treinadas por um ortopedista. Alguns médicos chegaram a propor que a pessoa ideal para fazer a Fisioterapia deveria ser uma "enfermeira treinada", capaz de aplicar eficazmente uma prescrição médica. Tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos os salários destas profissionais eram menores que aqueles pagos aos enfermeiros militares [1]. A partir das décadas de 20 e 30, nestes paí­ses, assim como na Alemanha, Austrália, Canadá, Suécia e outros, surgem escolas formadoras de profissionais reabilitadores que utilizam exercí­cios e meios fí­sicos sob a designação de cinesioterapeutas ou Fisioterapeutas. Porém o maior impulso viria após a Segunda Guerra [1]. No Brasil as primeiras cidades a contarem com clí­nicas de Fisioterapia foram Rio e São Paulo onde em 1951 foi aberto o primeiro curso pela USP com duração de um ano em perí­odo integral para a formação de técnicos "fisioterapistas" [3]. Em 1963 a Fisioterapia se tornou curso superior, porém com sua atuação subordinada aos médicos. Somente em 1969, quando o presidente Costa e Silva sofre um AVC (hemiplegia com afasia) que, sensibilizados pelo bom atendimento dado pelos fisioterapeutas, a Junta Militar resolve regulamentar a criação da profissão em 13 de outubro de 1969 [4]. A retirada da condição de paramédicos ocorreu em 1984, quando o presidente Figueiredo recebeu atendimento para uma hérnia de disco e, finalmente, em 19/12/1994 a identidade profissional do Fisioterapeuta foi reconhecida no Serviço Público Federal [4], atribuindo-lhe o direito de avaliar, orientar, prescrever e coordenar a Fisioterapia na saúde pública em geral, facultando-lhe, assim como a Enfermagem, a condição de membro de uma equipe multidisciplinar.

Referência(s)
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