Morrer para viver: esboço de uma análise antropológica sobre narrativas de experiências de quase-morte

2019; Volume: 26; Issue: 51 Linguagem: Português

10.48075/rtc.v26i51.22986

ISSN

1981-4798

Autores

Arlindo Netto,

Tópico(s)

Palliative Care and End-of-Life Issues

Resumo

A morte e um fenomeno que revela importantes aspectos culturais, e as ciencias sociais, em especial a antropologia, ja demonstraram o potencial desse fenomeno para alem dos seus aspectos biologicos. A morte e entendida aqui como um fenomeno relevante para entender os modos de conceber a vida. Neste artigo, a partir de relatos de Experiencias de Quase-Morte (EQM), o autor realiza uma analise antropologica dessas narrativas, observando os sentidos e significados culturais expressos pelos informantes que forneceram o material etnografico desta analise. Para desenvolver a argumentacao, o artigo e dividido em tres perspectivas analiticas: (1) a descricao fenomenologica, onde e delimitado o que e uma Experiencia de Quase-Morte e como sao compostas tais experiencias, tanto no sentido narrativo como no sentido de identificar recorrencias em tal fenomeno; (2) os aspectos etiologicos, em que se analisa como a medicina compreende a Experiencia de Quase-Morte e o que ja foi catalogado ate agora, e, ainda, apresenta e compara as rupturas e continuidades entre a perspectiva biologica e cultural; e, (3) os aspectos pragmaticos, em que e analisada a estrutura narrativa de uma EQM, evidenciando quais processos sao acionados para a constituicao dos arcaboucos culturais decorrentes da experiencia vivida pelos informantes, e, ainda, faz-se uma comparacao entre as estruturas narrativas da quase-morte com as de experiencias de conversao, na tentativa de identificar possiveis aproximacoes e distanciamentos. Como aspectos conclusivos da analise, o autor destaca que nas narrativas das Experiencias de Quase-Morte estao presentes elementos que descrevem a reconfiguracao das ideias, posturas e valores morais dos informantes, e que embora a quase-morte seja classificada pela medicina como um fenomeno biologico, ela aparece no discurso dos informantes como um fenomeno cultural, e, ainda, funciona como um operador ontologico, o qual reconfigura a logica simbolica, operando significados, sentidos e praticas, entre os quais o significado da morte, que, a partir de entao, e concebida sem medo.

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