
Heidegger e Agostinho: o fenômeno da Tentatio e a historicidade do si (Selbst) na apropriação fenomenológica do livro X das Confissões
2019; UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO; Volume: 42; Issue: spe Linguagem: Português
10.1590/0101-3173.2019.v42esp.08.p135
ISSN1980-539X
Autores Tópico(s)Philosophy and Historical Thought
ResumoResumo: O artigo trata do fenômeno da cura segundo a apropriação fenomenológica do livro X feita por Martin Heidegger no curso friburgense intitulado Augustinus und der Neuplatonismus (SS1921). Pretendemos apresentar o fenômeno da tentação e a historicidade do si: segundo a apropriação genuína do ser da vida de Agostinho, a “tentatio” (Versuchung) se torna expressão da mobilidade da existência histórico-atuativa, que jamais pode ser compreendida como “quietude”. É a vida mesma que, assumida em sua totalidade, representa uma “tentação”, uma provação - entendida em sentido ontológico-existencial - na medida em que indica o “como” (Wie) da atuação da facticidade. Na procura deste “como” originário surge a interrogação fundamental do que vem a ser a vida para si mesma: quaestio mihi factus sum (fiz de mim mesmo uma questão). Descortinamos na perda de si do “eu sou” o processo da temporalização como deformitas, como o defluxus na distração, como a queda no “inautêntico”. Com base nesta apropriação contemporânea do ser da vida de Agostinho chegaremos ao âmago do fenômeno da cura, compreendendo o curare como caráter fundamental da vida fática e reconhecendo na procura de Deus a constituição da facticidade e da cura de si que nesta procura se expressa.
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