Artigo Produção Nacional

Quem é o 'indivíduo soberano'? Nietzsche sobre a liberdade

2019; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

2179-3441

Autores

Brian Leiter, Caius Brandão,

Tópico(s)

Nietzsche, Schopenhauer, and Hegel

Resumo

O texto Who is the ‘sovereign individual’? Nietzsche on freedom, de Brian Leiter, foi originalmente publicado em 2011, pela Cambridge University Press, como um capitulo do livro Nietzsche's On the Genealogy of Morality. A Critical Guide, organizado por Simon May. O filosofo norte-americano Brian Leiter e professor da University of Chicago e diretor do Center for Law, Philosophy & Human Values dessa universidade. Autor de uma vasta producao academica, particularmente, nas areas da filosofia moral, politica e juridica, Leiter e reconhecido internacionalmente como um dos mais renomados estudiosos de Nietzsche, no âmbito da recepcao anglo-saxonica das obras do filosofo alemao. Neste texto, primeiramente, Leiter questiona o consenso entre os interpretes contemporâneos de Nietzsche, de acordo com o qual o individuo soberano serviria para confirmar uma suposta teoria positiva da liberdade na filosofia do pensador alemao. Para contrapor este entendimento, o professor da Universidade de Chicago se propoe a analisar duas alternativas que ajudariam a deflacionar as interprestacoes correntes desta figura enigmatica do “souveraine Individuum”, a qual aparece somente uma vez na Genealogia da moral. A primeira leitura possivel seria a de compreender este trecho da obra sob a chave da ironia. A segunda seria a de considerar que, na verdade, o individuo soberano representaria o ideal de um self moderno, caracterizado por uma especie de autodominio. Em seguida, Brian Leiter lembra que existem suficientes evidencias do ceticismo nietzschiano no que tange a liberdade da vontade e a responsabilidade moral. A partir de citacoes diretas de obras da filosofia madura de Nietzsche, Leiter explica que a negacao da causalidade da vontade humana e a chave para compreender esse ceticismo, e o caminho que o leva a postular o fatalismo, reconhecido como amor fati, e negar o compatibilismo defendido por grande parte dos interpretes contemporâneos. Aqui, um dos argumentos centrais de Leiter e que Nietzsche utiliza os conceitos de liberdade e de livre-arbitrio em sentido revisionista, promovendo o que Charles Stevenson chama de definicao persuasiva da liberdade. Leiter, conhecido particularmente pela associacao de Nietzsche ao naturalismo, conclui entao que a necessidade de tornar o filosofo mais ameno aos delicados leitores modernos esclarece o consenso contemporâneo em torno da interpretacao de um Nietzsche que supostamente defenderia uma teoria positiva da liberdade humana.

Referência(s)