...COM ALEGRIA DESOLADA; UM OLHO AUSPICIOSO, OUTRO CHORANDO
2020; Brazilian Association of Metallurgy, Materials and Mining; Volume: 17; Issue: 1 Linguagem: Português
10.4322/2176-1523.20201701
ISSN2176-1523
AutoresAndré Luiz Vasconcellos da Costa e Silva,
ResumoA teoria malthusiana [2] e sua reedição aplicada aos paÃses âsubdesenvolvidosâ após a Segunda Guerra Mundial [3], criou forte impressão em, ao menos, uma ou duas gerações da segunda metade do século XX. A armadilha de um crescimento populacional geométrico e um crescimento aritmético de recursos, indicava um futuro sombrio primeiro para a humanidade e depois, para os paÃses menos ricos. Amarrados ao modelo formulado, somente uma solução era visÃvel e apregoada. Para os mais ortodoxos, não havia solução alternativa a frear o crescimento demográfico. De certa forma, a teoria de Malthus sofreu da mesma limitação de outras teorias aplicadas a previsões. âFazer previsões é muito difÃcil, especialmente sobre o futuroâ, é uma frase frequentemente atribuÃda à Bohr [4]. Meu exemplo favorito diz respeito à previsão da decadência do aço e o domÃnio dos polÃmeros na fabricação de automóveis, feita no inÃcio da década de 1970. A previsão considerou o intenso ritmo de desenvolvimento dos polÃmeros na época, mas assumiu que os aços haviam atingido seu limite tecnológico. O mesmo aconteceu com Malthus. J. H. Ausubel [5], por exemplo, analisou a produção de milho nos Estados Unidos. A agricultura pode ser um dos maiores destruidores de ambientes naturais, eliminando florestas, matas e outras reservas. Nos EUA, entretanto, desde cerca de 1940, os agricultores quintuplicaram sua produção de milho usando a mesma (ou até menos) área plantada para este cultivo. Nos últimos 20 anos, o uso de vários materiais, nos EUA, passou do seu pico. Isto ocorreu com plásticos, papel, alumÃnio e aço, por exemplo [5]. Isto levou o Professor do MIT, A. McAfee, a aprofundar os estudos da chamada desmaterialização da economia [6]. McAfee mostra detalhadamente, com dados confiáveis, como o desenvolvimento tecnológico vem levando à redução do consumo dos materiais e recursos naturais em diversas economias. Um exemplo particularmente simples e esclarecedor de uma das formas pela qual esta redução se dá, é o telefone celular: na década de 1970, um pequeno empreendedor precisava de um computador, um aparelho de telefax, um telefone, uma calculadora, um relógio despertador, uma máquina fotográfica e talvez um gravador de VHS. Todos estes itens podem ser substituÃdos por um aparelho celular médio! Além de oferecer um GPS, scanner, biblioteca de mapas do mundo, acelerômetro, e outros instrumentos. à evidente que a evolução tecnológica muda o cenário das discussões. O mesmo aconteceu (e já discutimos em outro Editorial) com vários indicadores de saúde, longevidade e bem-estar, como demonstrado por Rosling em âFactfulnessâ [7], embora estas nem sempre sejam as opiniões que ouvimos, por não serem baseadas em fatos. Assim, não devia ser difÃcil compreender que as questões relacionadas ao aquecimento global e à proteção do meio-ambiente não serão resolvidas por opiniões apaixonadas, não suportadas por fatos: nem pedidos desesperados ou idÃlicos de volta ao passado ou dietas veganas, para eliminar o efeito do âprogressoâ sobre o meio ambiente, nem ações insensatas e desregradas, que ignoram os riscos e danos associados a métodos e tecnologias sabidamente ultrapassadas. A esperança da sobrevivência do mundo em condições que hoje consideramos âhumanasâ reside na Ciência e Tecnologia. E, cabe observar, no retrospecto feito por McAfee e por Rosling, que estamos sendo razoavelmente bem-sucedidos. Se precisamos avançar mais rápido, o caminho é estimular as atividades de ciência e tecnologia para que nos forneçam as soluções que necessitamos.
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