Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves: história, dupla consciência e resistência
2020; UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO; Volume: 11; Issue: 2 Linguagem: Inglês
ISSN
2177-3807
Autores Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoO presente artigo tem por objetivo analisar o romance Um defeito de cor (2006), de Ana Maria Goncalves, a partir das concepcoes de liminaridade e de dupla consciencia, presentes nas producoes criticas de Eliana Lourenco Reis (1999) e Paul Gilroy (2012). A ideia de personagem liminar emerge da leitura que Reis propoe da obra de Wole Soyinka, constituindo um arcabouco critico que, em ultima instância, conceitua a ideia de liminaridade transdiscursiva como o posicionamento fronteirico que permite a convivencia critica com duas culturas diferentes. A propria ideia de coexistencia entre aspectos culturais diversos leva a nocao de dupla consciencia que, de um modo geral, pode ser vista como a ideia de nao pertencimento a uma ou mais formas culturais, o que nao exclui a sua apropriacao critica. No romance de Goncalves, a ideia de personagem liminar vem esbocada na propria constituicao da protagonista como alguem que, a despeito das pressoes externas, apropria-se de uma identidade brasileira apenas para reforcar a resistencia a essa identidade, bem como manter veladamente tracos da sua cultura original. Finalmente, no retorno a Africa, a personagem ocupa conscientemente esse espaco intersticial de modo a se diferenciar no seio de uma cultura que, de maneira ambivalente, e e nao e sua. The present article’s purpose is to analyze Ana Goncalves’ novel Um defeito de cor (2006), based on the concepts of liminality and double consciousness, present in the critical productions of Eliana Lourenco Reis (1999) and Paul Gilroy (2012). The idea of a preliminary character emerges from the reading that Reis proposes from the work of Wole Soyinka, constituting a critical framework that, ultimately, conceptualizes the idea of transdiscursive liminality as the border position that allows critical coexistence with two different cultures. The very idea of coexistence between different cultural aspects leads to the notion of double consciousness that, in general, can be seen as the idea of not belonging to one or more cultural forms, which does not exclude its critical appropriation. In Goncalves’ novel, the idea of a preliminary character is outlined in the protagonist’s own constitution as someone who, despite external pressures, appropriates a Brazilian identity only to reinforce resistance to that identity, as well as to veiled maintain traces of his original culture. Finally, on his return to Africa, the character consciously occupies this interstitial space in order to differentiate himself within a culture that, ambivalently, is and is not his.
Referência(s)