
Recortes literário e biográfico de Monteiro Lobato na defesa da eugenia e do fascismo racial
2020; Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica (BIOgraph); Volume: 05; Issue: 13 Linguagem: Português
10.31892/rbpab2525-426x.2020.v5.n13.p210-228
ISSN2525-426X
AutoresRegina Maria de Souza, Morena Dolores Patriota da Silva, Cristiane Maria Silva,
Tópico(s)Gender, Sexuality, and Education
ResumoO presente trabalho tem como objetivo discutir as bases do processo eugênico contra a raça negra, defendidas na obra O presidente negro, de Monteiro Lobato (primeira edição em 1926). A análise da obra realizou-se a partir de defensores da eugenia, dentre eles Renato Kehl, e de trabalhos acadêmicos atuais que demonstram o tributo deixado pela eugenia no olhar e nas ações voltados à população negra. A conclusão é de que o projeto eugênico, proposto por Francis Galton em 1883, que chegou ao Brasil no início do século XX, mantém-se presente, escancarado no significativo número de negros assassinados no Brasil, em relação ao de brancos; escamoteado em produções acadêmicas e livros didáticos que ainda reverberam e exaltam as ideias de Lobato; mascarado na formação universitária de pesquisadores, no Brasil e no exterior. Formação fragmentada e fragmentária que, sem um olhar histórico diacrônico, acaba por alimentar, em gerações futuras, a crença na possibilidade de uma organização social e instituições sem conflitos, propostas e governadas, em sua maioria, por brancos que ouvem as diferenças, mas não transformam essa audição em escuta que possa romper a lógica de branqueamento e de controle sobre elas.
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