Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

O SIGNO JUSTIÇA: arena de (d)e(s)ncontro de sentidos

2020; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 27; Issue: 50 Linguagem: Português

10.12957/matraga.2020.47015

ISSN

2446-6905

Autores

Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento, Antônio Flávio Ferreira de Oliveira,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Neste trabalho, analisamos rediscursivizações do símbolo da justiça em charges que circulam na internet e que foram produzidas entre os anos de 2017 e 2019, tendo em vista o cenário de críticas à justiça brasileira, mais precisamente, as críticas tecidas contra alguns eventos ocorridos na esfera jurídica. Para isso, dialogamos com a perspectiva enunciativa do Círculo de Bakhtin, especialmente Bakhtin (2011) e Volóchinov (2017). Assumimos que o símbolo da justiça se constitui signo ideológico, pois é arena de encontro e desencontro de sentidos. As charges analisadas mostram como os autores trabalham a ressignificação dos sentidos de justiça, materializando pontos de vista, posições valorativas diante do atual cenário jurídico-político brasileiro. Por outro lado, os enunciados também desvelam outros discursos, mais precisamente, quanto à figura feminina. Assim, constatamos que as críticas tecidas à justiça utilizavam a figura feminina de forma sensualizada, como garota de programa, como mulher que vende o corpo, como safada. O corpo feminino aparece sempre como objeto à venda e que tem na figura masculina um possuidor, um dono. Desse modo, é possível perceber como o discurso machista atravessa as charges, mesmo que de forma inconsciente, revelando o quanto esse problema se encontra nas estruturas sociais e que afloram em discursos como os analisados.

Referência(s)