Artigo Revisado por pares

A antropologia Xamanística de Michel Taussig e as desventuras da etnografia

1987; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

2357-738X

Autores

Carlos Fausto,

Tópico(s)

Memory, Trauma, and Testimony

Resumo

Shamanism, Colonialism and the Wild Man de Michael Taussig (1986) e antes de tudo um belo livro e deve ser lido como tal. O leitor seduzido sabera percorrer com alguma destreza os tortuosos caminhos discursivos que Taussig trilha na rota do terror e da cura xamânica no sudeste colombiano. Ao contrario, o leitor que, como Ulisses, resistir ao canto das sereias, arrisca a perder-se no meio do caminho. O autor nos convida a um duplo mergulho - mergulho na lama da floresta e nas visoes produzidas sob o efeito alucinogeno do yage. Duas rotas alternativas, embora complementares, que constituem partes distintas do livro - este mosaico inacabado onde os pedacos e fragmentos dialogam entre si numa polifonia generalizada. Dupla linguagem tambem: o discurso brutal do terror e o discurso finamente nuancado do xamanismo. No meio deles e por meio deles, o discurso do antropologo busca uma forma de existir na propria impossibilidade de atingir plenamente seu objeto: “um modo de explanacao que solapa seu ponto de partida, enquanto o ponto de partida leva inelutavelmente a seu solapamento” (:465). Para compor esta colagem epica que e Shamanism, Colonialism, and the Wild Man, Taussig recusa a preeminencia da mao direita; e com a mao esquerda que ele recorta os pedacos e fragmentos para montar urna das mais bem-sucedidas monografias no conjunto das experiencias renovadoras que vem caracterizando certa antropologia americana.

Referência(s)