Artigo Revisado por pares

O enigma das máscaras

1981; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 5; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

2357-738X

Autores

Roberto Cardoso de Oliveira,

Tópico(s)

Diverse multidisciplinary academic research

Resumo

Onde estabelecer o limite entre a arte e a sociedade, entre a expressao estetica e a significacao, entre funcao social e funcao simbolica? A leitura do ultimo livro do Professor Claude Levi-Strauss, La Voie des Masques, agora em sua segunda edicao (Plon, 1979), (*) nos propoe todas essas interrogacoes. E, mais ainda, encaminha algumas solucoes. Trabalhando com um conjunto de grupos indigenas situados na costa nordeste do Pacifico, entre a Columbia Britânica e o Alasca, Levi-Strauss procura penetrar no mundo simbolico dos povos Salish e Kwakiutl, atraves da analise de suas mascaras e dos Dene, por meio de suas placas de cobre trabalhadas; placas que, de uma certa maneira, reproduzem, igualmente, mascaras suficientemente estilizadas para exprimir uma figura numa superficie plana. Embora a beleza do livro nos convide a le-lo como uma obra de etnologia da arte, isso seria apenas uma primeira e superficial impressao. A rigor, o livro nos conduz pelos caminhos da criacao estetica A logica da criacao de simbolos. “Les sentiers de la Creation” , subtitulo da primeira edicao La Voie des Masques (Geneve, Skira, 1975) indica, certamente, que os caminhos abertos por Levi-Strauss o foram no campo da logica e nao no da estetica. A arte estaria, assim, tao-somente na concepcao artistica do livro, traco, alias, caracteristico de algumas obras do autor, como La Pensee Sauvage e os volumes de Mythologiques. La Voie des Masques e, sem duvida, uma bem sucedida tentativa de elucidacao de um tradicional e desafiador enigma em que a Etnologia sempre tropecou: o que podem as mascaras nos ensinar?

Referência(s)