
O ANJO ESTILHAÇADO: ASPECTOS DO CONTEMPORÂNEO EM MIGUEL E OS DEMÔNIOS – OU AS DELICIAS DA DESGRAÇA, DE LOURENÇO MUTARELLI
2020; Volume: 12; Issue: 1 Linguagem: Português
10.18554/ri.v12i1.2427
ISSN1981-0601
AutoresAndré Rezende Benatti, RUTHIELY THAIANE CAMBIAGHI,
Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoEste trabalho tem como objetivo analisar uma das obras de Lourenço Mutarelli, escritor brasileiro, intitulada "Miguel e os demônios – ou as delicias da desgraça". O texto está estruturado em forma de roteiro, com diálogos curtos e cortes de cena, como por exemplo, "Tela branca.", "O farfalhar do saco plástico.", forma típica do roteirismo. Adorno (2003) afirma que o nível artístico do autor se dá através de sua idiossincrasia em alterar a forma do texto, dentro do livro essa idiossincrasia de Mutarreli se traduz por sua carreira de quadrinista. A narrativa se passa no caos e calor da cidade de São Paulo e narra partes da vida de Miguel, personagem principal que da nome ao livro. Miguel é um policial de 40 anos, acima do peso, que é obrigado a realizar "trabalhos extras" para se manter, vive em uma relação superficial com a ex amante e perdeu contato com a filha. Logo após o divórcio, mudou-se para a casa do pai, que passa seus dias em frente à TV. No decorrer da história, Miguel acaba se envolvendo com um travesti, o que resulta em várias outras peripécias. Ao longo da narrativa é possível ver através da vida conturbada de Miguel, a maneira como o homem contemporâneo passa seus dias, ou seja, buscando diversas maneiras de se auto preencher, tornando-se um sujeito fragmentado. Essa busca incessante pela felicidade, Freud (2010) explicaria como "fenômenos episódicos", ou seja, a felicidade se estabeleceria na busca incessante pelo prazer, uma vez após a outra, a busca pelo "prazer barato". "Miguel e os demônios" se passa em dias atuais, com conflitos que nos aproximam e nos causam empatia. Como embasamento buscaremos nos beneficiar de teorias como de Giorgio Agamben e o que seria contemporâneo, bem como os já citados Adorno e Freud.
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