Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Um Estudo Sobre A Bebida Indígena Mocororó: Aceitação por não indígenas e cultura alimentar do Povo Kanindé de Aratuba

2020; Brazilian Journal of Development; Volume: 6; Issue: 5 Linguagem: Português

10.34117/bjdv6n5-592

ISSN

2525-8761

Autores

Rildelene Dos Santos Silva, Anna Érika Ferreira Lima, Ana Cristina da Silva Morais,

Tópico(s)

Indigenous Health and Education

Resumo

Mocororo e uma bebida tradicional dos indios Kaninde, bem como das 14 outras etnias cearenses, as quais utilizam-na em rituais sagrados. Os rituais sao praticados em datas representativas, como encontros, reunioes e apresentacoes. No momento em que e dancado o tore, ritual indigena, se faz uma parada para que possa ser tomado o mocororo. E nesse momento em que ha uma consagracao, pois e considerada pelos indios uma bebida sagrada. A composicao da bebida varia em funcao do grau de maturacao do caju e da regiao produtora, no caso do Povo Kaninde, e usado o caju azedo. Nesse contexto, considerando a importância e representatividade do Mocororo para os povos indigenas, em especial para o Povo Kaninde de Aratuba, o objetivo da pesquisa perpassou por desenvolver um estudo sobre o Mocororo, enquanto bebida que compoe a cultura alimentar deste povo, alem de diante do seu consumo e delineamento de tal bebida como marca relevante na cultura alimentar dos povos indigenas cearenses, viu-se a necessidade de se verificar se ha aceitacao sensorial do mocororo por nao indigenas. Alem desse objetivo, visou-se avaliar se a bebida possui teor alcoolico em algum momento da fermentacao e se e segura para consumo mesmo nao havendo higienizacao do caju durante o preparo. Metodologicamente, o trabalho foi realizado em duas partes. A primeira, consistiu em uma pesquisa qualitativa, do tipo bibliografico, onde trabalhos referentes a cultura alimentar e bebidas indigenas fundamentaram o acabou teorico deste trabalho; a segunda parte foi quantitativa, pois foram utilizados dados exatos para a obtencao dos resultados atraves de analise sensorial de amostras de mocororo com 11 (MF11) e 17 meses (MF17) de preparo. Foram avaliadas por 50 julgadores utilizando-se a escala hedonica e a de atitude de consumo. Outras duas amostras de mocororo com 3 (MF3) e 24 meses (MF24) foram avaliadas quanto a acidez total, teor alcoolico e a presenca de coliformes totais e fecais. O aroma das duas amostras de mocororo (MF11 e MF17) foi um pouco aceito, enquanto o sabor e no geral foram rejeitadas com medias proximas a 4 (desgostei ligeiramente). A acidez da amostra com apenas 3 meses de inicio da fermentacao (MF3) foi maior do que a de 24 meses (MF24). Foi constatada a existencia de alcool de 5,90% v/v (MF3) e 5,65% v/v (MF24) nas duas formulacoes avaliadas, demonstrando que ocorre fermentacao alcoolica. Mesmo o caju nao sendo higienizado antes da producao da bebida, as duas amostras de mocororo (MF3 e MF24) estavam dentro dos padroes microbiologicos da legislacao sanitaria brasileira. Desta forma, verifica-se que a bebida nao e aceita por nao indigenas, provavelmente devido a temperatura usual de consumo do mocororo que a aceitacao sensorial da bebida. Recomendam-se novos estudos de aceitacao com a bebida servida gelada e de avaliacao do teor alcoolico.

Referência(s)
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