A política estadunidense de não proliferação nuclear e o governo Geisel: as origens do programa nuclear paralelo
2019; UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE; Volume: 6; Issue: 12 Linguagem: Português
10.22409/rep.v6i12.39804
ISSN2177-2851
Autores Tópico(s)Biotechnology and Related Fields
ResumoO presente artigo trata da reacao do governo Geisel a politica de nao proliferacao nuclear do governo estadunidense de Gerald Ford (1974-1977). O governo Ford se viu forcado, devido a mudanca da conjuntura internacional (primeiro choque do petroleo e teste nuclear indiano de 1974) e a pressao interna que enfrentava (do Congresso e da sociedade civil), a modificar a politica de nao proliferacao dos Estados Unidos de uma posicao mais branda para uma postura de enfrentamento e atrito. Essa mudanca de postura afetou as relacoes com o Brasil, pois a Ditadura Militar brasileira encarava essa nova postura como uma ingerencia estadunidense. Alem do mais, essa mudanca de posicionamento dos Estados Unidos veio em um momento delicado, quando o Brasil havia assinado um acordo de cooperacao nuclear com a Alemanha Ocidental em 1975. O governo Ford demonstrou suas suspeitas em torno desse acordo, pois poderia representar um risco de proliferacao nuclear ja que o Brasil teria acesso a tecnologia nuclear de ponta, embora ainda experimental. Primeiramente far-se-a uma digressao sobre as origens do programa nuclear brasileiro e a conjuntura politica no Brasil durante aquele periodo. Subsequentemente, utilizando-se de fontes (principalmente diplomaticas) de arquivos estadunidenses e brasileiros espera-se reconstruir as relacoes de Brasil e Estados Unidos durante aquele periodo e evidenciar a mudanca de postura dos Estados Unidos e identificar qual foi a reacao brasileira. Por fim, conclui-se que essa mudanca de direcao da politica de nao proliferacao nuclear do governo Ford antecipou algumas das caracteristicas que seriam observadas no seu sucessor Jimmy Carter, cuja politica de nao proliferacao foi fator de atrito e afastamento entre Brasil e Estados Unidos – de forma mais acentuada do que havia sido no governo Ford. Ademais, a politica de nao proliferacao nuclear dos Estados Unidos naquele momento pode ter sido um fator preponderante para que o governo brasileiro decidisse em 1979 iniciar um programa nuclear paralelo, secreto e conduzido por militares.
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