
pitu do pintor Monteiro
2020; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 29; Issue: 2 Linguagem: Português
10.17851/2358-9787.29.2.94-115
ISSN2358-9787
AutoresMaurício Ayer, Eduardo Dimitrov,
Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoResumo: A cachaça está presente ao longo de toda a obra poética de João Cabral de Melo Neto, desde O engenheiro até Sevilha andando. Embora não chegue a constituir uma tópica, ao dirigir nossa atenção para o motivo da cachaça é possível descobrir elementos reveladores de uma clivagem específica na poesia cabralina, proporcionando novas leituras de obras importantes, em particular, Morte e Vida Severina. A presença da cachaça, pelo campo conotativo que mobiliza a cada momento, traz ênfase para um viés da personalidade poética de João Cabral que está a contrapelo de sua marca dominante, como poeta racionalista, antilírico, impessoal. Ao contrário disso, a cachaça parece estar geralmente associada a um relaxamento do controle intelectual do fazer poético e uma maior permissividade para que os elementos biográficos e afetivos se introduzam em seus versos. Neste contexto, haverá interesse em revisitar o ensaio de Benedito Nunes (1974), onde o elemento da destilação ganha destaque. Finalmente, veremos que a afetividade dá relevo a uma amizade de especial importância para João Cabral. Palavras-chave: cachaça na literatura brasileira; afetividade; cultura em Pernambuco; João Cabral de Melo Neto.
Referência(s)