Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Identidade profissional e música erudita: músicos de orquestra, trabalho flexível e os dilemas da profissão

2020; Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música; Volume: 26; Issue: 1 Linguagem: Português

10.20504/opus2020a2610

ISSN

1517-7017

Autores

Guilherme Furtado Bartz,

Tópico(s)

Youth, Politics, and Society

Resumo

Na atualidade, uma parcela significativa dos músicos que atuam no campo da música erudita enfrenta situações de trabalho marcadas pela flexibilidade, instabilidade, informalidade e precarização. Muitos profissionais só encontram espaço no mercado de trabalho quando se submetem a tais condições laborais, já que existem poucas alternativas melhores do que essas disponíveis. Isso acaba trazendo sérias consequências para suas carreiras e para suas concepções do que é “ser músico”, tais como um sentimento de incerteza e insegurança permanente. Partindo dessas constatações, este artigo procura refletir sobre tais problemas a partir do conceito de “identidade profissional”. Por meio de uma etnografia realizada em 2017 com os instrumentistas da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro (OCTSP), de Porto Alegre, grupo que é considerado uma das principais orquestras do Rio Grande do Sul, foi possível acompanhar o trabalho desses músicos tanto no âmbito dessa orquestra quanto em relação a outras esferas de atuação profissional nas quais eles também estavam inseridos. Todos os 16 músicos entrevistados possuíam atividades musicais paralelas às da orquestra, o que levantou questionamentos sobre os significados objetivos e subjetivos de sua profissão. Concluiu-se que a diversidade de tarefas desempenhadas por esses instrumentistas contribuía para enfraquecer seu senso de identidade profissional, na medida em que os múltiplos pertencimentos laborais e a flexibilidade trabalhista são fatores que dificultam a especialização e a noção de integridade e coesão identitária.

Referência(s)