NO TEMPO DO JECA TATU: REPRESENTAÇÃO DAS POPULAÇÕES RURAIS NO IMAGINÁRIO URBANO DO SÉCULO XX (1914-1980)

2019; Institute for Operations Research and the Management Sciences; Volume: 29; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

1526-551X

Autores

F. Sgroi, Ana Paula Koury,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Este artigo apresenta e analisa a representacao das populacoes rurais no imaginario da cultura urbana paulistana na primeira metade e em meados do seculo XX, por meio do personagem Jeca Tatu. O objetivo e mostrar as reinterpretacoes pelas quais o personagem passou e sua relacao com as ideias de seu criador, Monteiro Lobato, e de seu mais famoso interprete no cinema, Amacio Mazzaropi. O debate que o personagem provocou no meio intelectual e as questoes referentes ao homem do campo frente ao desenvolvimento urbano-industrial que ele refletiu constituem um registro importante sobre idealizacoes e preconceitos tanto da elite paulistana quanto das camadas populares acerca das pessoas do campo. Para tanto, o trabalho realiza uma revisao bibliografica que inclui uma critica datada de 1921 feita a Monteiro Lobato por Cornelio Pires, um fragmento do artigo escrito por Afonso Schmidt sobre o Jeca publicado em 1948 na Revista Fundamentos e partes de uma entrevista de Amacio Mazzaropi concedida ao Jornal Movimento em 1976. A argumentacao sustenta que o Jeca Tatu foi um arquetipo criado inicialmente como instrumento para convencer as elites sobre a necessidade de se abandonar as estruturas arcaicas da economia rural em prol do desenvolvimento industrial, mas que, com o tempo, foi reinterpretado como um simbolo de resistencia da cultura do campo frente aos valores e costumes da cidade. Postula, tambem, que o Jeca constituiu-se enquanto objeto de interpretacao da realidade urbana, firmando-se, entre os anos de 1914 e 1980, como alegoria de um pais que sofreu uma dramatica mudanca estrutural.

Referência(s)